quarta-feira, 6 de junho de 2012

O tempo, visão moderna


A experiência da Escolha Retardada nos mostra que a multiplicidade de comportamentos e trajetórias de um fóton, elétron, quark ou qualquer partícula fundamental - ou até algumas compostas - nos mostra que eventos que constam na “fotografia mental” do nosso "agora" podem definir todo um ramo de uma história sob a ótica da mecânica quântica. Ou seja, se um dado elétron, por exemplo, comportou-se como partícula ou onda numa distante fotografia, num dado momento, do nosso passado.

Isso significa que o que fazemos hoje pode escrever o passado? Sim, ao menos nos detalhes de nível subatômico. Mas essa "imposição" não deve ser entendida como uma alteração do passado, mas sim como uma definição do mesmo. Assim como a posição e a velocidade de uma partícula só é conhecida quando medida, o passado de uma partícula também só é definido quando observado.

Nestes termos, o que chamamos de passado - ou detalhes que o constitui - são demarcados quando medidos, ainda que essa medição, a qual “impõe” um dado comportamento, seja futura.

Há algo ainda mais intrigante. Uma variação da experiência da escolha retardada misturada à experiência da dupla fenda - conhecida como apagador quântico de escolha retardada - nos mostra que: numa experiência onde as medições dos detectores são feitas de forma que não se pode identificar qual é o detector que recebeu o fóton (portador do sinal medido), o padrão de interferência, ou seja, o comportamento como onda, ocorre [1].

Quanto à seta do tempo, a direção única que experimentamos (do passado para o futuro), pode ser compreendida da mesma forma em que a mesma foi apresentada no texto sobre a percepção clássica do tempo: a segunda lei da entropia é a causa unidirecional do tempo.

Uma curiosidade para os que gostam de equações: ao se aplicar o conceito de entropia sobre as descrições na forma de funções de onda das partículas, tem-se definição similar à definição de entropia no caso da física clássica, ou seja, a entropia deve aumentar sempre.

Assim, nossa noção do tempo é proveniente da física clássica [2].



[1] Isso leva alguns, eu, por exemplo, a acreditar que é preciso um ser ciente, uma consciência, mesmo de forma indireta, sabendo sobre o destino do fóton para que o mesmo tenha um “comportamento clássico”.

[2] “... por alguma razão, a entropia era extraordinariamente baixa após o Big-Bang e as coisas vêm se desenrolando vagarosamente nos últimos 14 bilhões de anos e continuarão a fazê-lo em direção ao futuro.” ... “... o nosso esforço para explicar a seta do tempo nos leva novamente à origem do universo.” Brian Greene, em O Tecido do Cosmo, Cia das Letras, explicando como se conclui sobre o aspecto unidirecional do tempo na mecânica quântica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário