segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Mundo de Beriá


Por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia
algo semelhante a um trono (...); sobre esta espécie de trono,
estava sentada uma figura semelhante a um homem.”

Ezequiel 1:26


Ainda baseado no trabalho do rabino Kaplan, ele relaciona a palavra hebraica Kissê com o Mundo de Beriá. Kissê significa trono, por isso é vinculada a este plano de existência. Uma vez que Atsilut é confundindo costumeiramente com o próprio Criador, o plano que está imediatamente abaixo, ou onde ele se assenta, do nosso ponto de vista, recebe a denominação de Mundo do Trono.

Uma criação ex-nihilo, ou seja, a partir do nada (em termos absolutos), em hebraico, é denominada por Bara. Há mais duas palavras de significado similar: Iatsar (que significa formar) e Assa (que significa fazer). Assim, criado, tem existência o Mundo de Beriá, o Trono de Deus.

Neste plano de existência, há uma nova quebra de simetria: aqui se origina a substância, segundo os estudiosos de cabala definem. Fica claro que não se trata mais somente da existência de ideias, em contraste com Atsilut. Mas como é por que isso ocorre?

Para a criação, o princípio, Resh, ou a mente universal, é Atsilut. De forma análoga a dificuldade encontrada pelos cientistas modernos para definirem o que explode no evento conhecido como Big Bang - princípio do universo físico [1] - existe uma barreira formada pela limitação de conceitos e experiências nossas para explicar o primeiro plano da criação. A falta de partes, de divisões, é um dos problemas cruciais. É por tal razão que, particularmente, gosto de associar este nível ao equilíbrio e ao andrógeno.

Mas em Beriá, a realidade se torna tangível, ainda de forma sutil, ao nosso entendimento. Refinando [2] o conceito de princípio, mais duas grandes qualidades universais afloram.



A primeira é o que se principia. Neste nível da existência, o arquétipo universal do princípio, ligado indissoluvelmente à criação, implica que algum ente passa a existir (se já existisse, não teria lógica em aplicar o conceito de princípio). A este agente existencial, protótipo da matéria - o que originará nossas ideias de cheio, fixo, ou masculino - é que os cabalista denominam por primeira das substâncias.

A segunda qualidade arquetípica distinguível vem da própria separação entre os dois entes substância e princípio. Se há uma diferenciação, então há informação. A capacidade de diferenciar - o que resulta em nossas ideias de vazio, volátil, ou feminino - é a mãe que formatará a substância (que dará forma, informação que define) tornando possível a aplicação plena da assimetria.


Contudo, dentro do esquema que iniciamos na seção sobre Atsilut, e para uma melhor sequência explicativa das próximas seções, um novo esboço é conveniente.

Friso que estes conceitos são profundamente interdependentes. Mas a capacidade que este novo universo nos confere de perceber tal nuança é o que permite afirmar: trata-se do embrião da substância.

Note, ainda, que estamos estabelecendo o extrato da relação causa e efeito. O nível da criação que estamos discorrendo possibilita a existência deste enlace, tão comum no nosso universo físico, mas num contexto diferenciado.

Enquanto nós só percebemos efeito precedido de causa, com uma relação temporal pertinente e imutável entre estes, no que toca à Beriá a(s) causa(s) e o(s) efeito(s) são meros ângulos de percepção (uma relação temporal seria totalmente imprópria, visto que não existe tempo neste nível).

A substância existe devido à informação que permite distingui-la? Ou é o contrário, uma vez que a segunda requer a primeira para existir, para se fixar? E o que dizer do princípio, que, sem ambos os conceitos, não faz sentido? O que é causa e o que é efeito [3]? Não deixe que a disposição didática expositiva da figura induzir seu raciocínio, caro leitor. A primeira é o que se principia.

Quando - e se - for possível aos nossos cientistas equacionarem este plano, o insight para fazê-lo corresponderia ao princípio; o que está se equacionando, à substância; e a equação propriamente dita à informação.

Os cientistas buscam por uma teoria sobre tudo (TST) [4], um estudo que unifique a mecânica quântica e a teoria da relatividade. Cabe ressaltar que alguns físicos, minoria em verdade, não cogitam tal possibilidade. Este elemento básico que estaria na TST seria um bom análogo para Beriá

A leitura atenta do livro do Gênesis leva à constatação de que para os atos de criação atribuídos a Deus - a exceção da palavra hebraica Bara (criar) - os termos Iatsar e Assa são comumente traduzidos como disse ou falou. Esta observação é de extrema importância quando for apresentado o contexto da física que associa vibrações a partículas subatômicas e a criação do próprio universo.

Este é o Mundo de Beriá. É o universo da criação.


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[1] Essa dificuldade é fruto do colapso das leis que regem nossa realidade. Tais leis se formam na medida que o universo evolui no tempo.

[2] Insisto que este refinamento ocorre por nova quebra de simetria.

[3] Gosto de comparar está particularidade aos efeitos ditos sem causa da mecânica quântica, onde alguns fenômenos quânticos são medidos e os resultados estão profundamente vinculados ao fato de haver uma observação dos mesmos: a existência do fenômeno quântico (medido), a medição propriamente dita e os resultados provenientes da mesma são inseparáveis (a escolha retardada é um belo exemplo disso).

[4] De acordo com a maioria dos pesquisadores, a TST disporia de uma espécie de tijolo básico irredutível que comporia tudo no nosso universo. As diversas partículas subatômicas que temos conhecimento (como fótons, quarks, elétrons, etc) seriam compostos desse fundamento da nossa realidade, indiferençável, mas seria a substância, por excelência, da qual tudo mais seria construído.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Atsilut


Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou. É preciso ir mais longe. Eu penso várias vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho em um grande silêncio e a verdade me é revelada.

Albert Einstein


Neste nível de existência, o primeiro e mais elevado da criação, não há substâncias. Para aqueles familiarizados com a filosofia, em particular com Platão, a explicação dele para o que denominou como Mundo das Ideais é semelhante ao que se deve entender por Mundo de Atsilut. O famoso filósofo grego dividia a existência em dois macros campos. No primeiro temos o mundo percebido pelos cinco sentidos, com os quais interagimos com esse mundo. No segundo, o Mundo das Ideias, só os pensamentos podem nós fazer alcançar o mesmo. A maior discrepância entre o que Platão explica, como mundo intangível, em relação à realidade que descrevo nesta seção é relativo à forma: no Mundo das Ideias existe forma, em Atsilut não.

A diferença marcante da pálida explicação que tentei expor sobre Deus (que não pode ser realmente descrito), na seção anterior, em relação à criação em seu nível mais divino, é que esta última tem limite: só existe dentro do conceito de assimetria. O Mundo de Atsilut está confinado à mente de Deus (Resh) é, além disso, difere do Criador quanto à composição, uma vez que, quando Ele grava a criatura, as partes incompatíveis com o conceito de assimetria, obrigatoriamente, têm de serem subtraídas, em termos populares, ficar de “fora”.

Assim como na física uma lente polarizada (que só deixa passar certas “qualidades” de luz) pode ser utilizada para limitar ondas eletromagnéticas indesejáveis, o Tsimtsum, de forma análoga, separa arquétipos, ideias, indesejáveis - no sentido de compatibilidade - à criação.

Desta forma, o conceito de Mundo do Nada é perfeitamente aplicável à Atsilut, pois não existe alegoria didática que se possa fazer para explicar estruturalmente este plano sublime.

Atsilut compõe um ser único, realidade universal que é suporte da existência de toda a criação, inclusive aquilo que será chamado de universo físico. Ele representa a primeira e principal quebra de simetria do Deus Imanifesto (a Unidade Perfeita, ou Simetria Absoluta). Em consequência, sua perfeição e sua simetria, dentro da criação, são sem igual.


A primeira quebra de simetria.


Mas como pode algo sem substância, o Mundo do Nada, vir a gerar algo? A denominação nada já foi abordada quando tratei sobre geração a partir do vácuo: não se trata do nada filosófico. Em termos físicos, a ideia que pode ilustrar esta proposição é apresentada naquele mesmo texto.

Ainda no Sêfer Ietsirá, a citação “Seu fim está contido em seu princípio” é uma síntese sem igual, embora um tanto abstrata, para o que venho desenvolvendo aqui: estamos rumando da simetria absoluta (Deus) para o absolutamente assimétrico (universo físico). A ideia de iniciar, de principiar, contém a razão e objetivo do produto final. Sem esse arquétipo a assimetria, o início, o fm e o finito não se manifestariam.

Este universo primeiro é o mundo de puras ideias, ainda sem qualquer matéria. Este é o Mundo de Atsilut. É o universo da emanação.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

No princípio


No princípio da autoridade do Rei
A Lâmpada da Escuridão
gravou um vazio na Luminescência Divina...
Zohar

Nosso entendimento sobre Deus, o Supremo Criador, o Grande Arquiteto do Universo, é de uma unidade perfeita, sem fronteiras e, em muitas filosofias religiosas, a Trindade Suprema. Porém, isso não significa que Deus não contenha inteligências, aspectos, arquétipos, em si mesmo. A unidade perfeita é tida de forma análoga a nossa observação da luz branca: embora todas as cores visíveis a integrem, ela é percebida como perfeita e harmônica unidade.



Para a cabala, tentar definir Deus é diminuir sua plenitude. As palavras e atributos que tentarmos associar ao Criador são por demais débeis para descrevê-lo. Por isso, é comum autores denominá-lo por nada, que deve ser compreendido como: nada que se possa conceber.

Desta forma, para representar este nada, quando utilizam de figuras e esquemas, alguns autores mostram a criação envolta pela cor preta. O sentido disto é induzir o estudante a ter a área em negro como uma região oculta, invisível aos nossos conceitos.

Neste sentido, para uma evolução didática da minha apresentação da cabala, eu fiquei inclinado a colocar um retângulo negro no início desta seção. Porém, num trecho onde sequer abordei algo remotamente similar à criação, este retângulo poderia dar uma ideia de “limite” até então indesejada.

Quando o estudante de cabala se remete a esse campo de abstração, deve esquecer por completo quaisquer conceitos, inclusive os de espaço e de tempo.

Estas dimensões do universo físico, como mostra a ciência moderna, são interdependentes, além de interagirem com a matéria e a energia. Imaginar Deus em um espaço e tempo, ainda que infinitos, é o submeter à natureza física desses entes, que são, supostamente, sua criação.

Na tradição judaica da cabala, o que é “visto” de Deus pela sua criação é denominado de Ên Sof, literalmente “o infinito”. Nesta mesma tradição, uma qualidade singular é aplicada a Deus: Ser. Enquanto a criação é passível de mudança, Deus simplesmente é.

Importante saber que a palavra ”visto”, no parágrafo anterior, está entre aspas para que o leitor lembre que estamos usando conceitos rudimentares demais para explicar algo profundamente sublime. Fazer tais analogias é bem mais difícil do que tentar explicar a Nero - se fosse possível encontrá-lo a sua época, em Roma pré-incêndio - como um celular funciona. Isto posto, alerto a você que uma possível descrição em sequência, ou cronológica, por vezes, que eu venha a fazer sobre a criação é mero recurso didático. A existência do próprio tempo ainda está por demais longe desta fase que explano.

Tudo aquilo que existe no universo que partilhamos, bem como em outros níveis existentes na criação, é formado a partir da perfeição, do Criador. Não devemos restringir Deus à mera soma e integração de tudo que existe na criação: Ele está bem além. Por si só, a existência do Criador não é restrita a limites em qualquer aspecto.

Um aparente problema desponta aqui: na sua perfeição, alterar sua natureza para que algo diferente de si (a criação) viesse a existir, seria corromper seu estado de simetria absoluta. Uma mudança resulta em tornar-se algo que ainda não é, o que conforma um contrassenso na natureza daquele que atribuí como a definição do Ser.

Todavia, eu afirmei que a existência de tudo aquilo que percebemos no nosso universo é originada em Deus e por Ele. Em termos físicos ou mentais, a assimetria é patente em nossas experiências. Ela permite percebermos a passagem do tempo, o movimento das coisas, os limites, dentre outros aspectos. Particularmente, tomo nosso cosmo como o reino da assimetria.

Do exposto, a assimetria tem de existir também no Criador, afinal não podemos admitir existência fora do Ser. Isso é até fácil de induzir, considerando o primeiro parágrafo desta seção: se não existisse assimetria, sequer poderíamos falar que Deus é uma unidade perfeita, pois uma unidade requer partes. Se existem partes, ainda que imperceptíveis, então existe assimetria (ao menos em potencia).

Em outras palavras, essa situação é análoga a uma pessoa de olhos escuros (gene dominante) que têm filhos com olhos claros (gene recessivo): o pai porta uma característica que não é percebida nele.

Recordemos o divulgado texto bíblico:
No princípio, criou Deus os céus e a terra.
Gênesis 1:1

Não é conhecimento vulgar, mas a expressão “No princípio”, em seu original, é “BeReshit” (hebraico). A importância deste destaque é que a tradução não é única para esse termo. Dentre outras possibilidades, a que fica melhor moldada ao desenvolvimento que venho fazendo até então, é “Na mente única/universal”. Resh, a raiz da expressão, também significa: cabeça, ou mente. Este mesmo conceito foi denominado, em grego, por Logos.

Bom, todo este texto se baseia na defesa de que vivemos numa realidade mental. Nada mais natural, então, que eu afirme que a criação se dá na mente de Deus. Isto me afasta da polêmica de macular a perfeição divina, dentre outros problemas, ao supor uma alteração da natureza do Ser.

Outra conveniência da defesa dessa interpretação é que o conceito de assimetria, na mente maior, passa a fazer o papel de filtro, um seletor, um ângulo particular de interpretação, daquilo que é ou não possível, ou conveniente, de existir em um contexto profundamente ressoante a esse arquétipo. A assimetria permite entendermos, ainda que de forma imprecisa, como seria Deus se fosse finito.

Esta forma de conceber o “nascimento” da criação a que me referi é a primeira quebra de simetria.

Esta quebra de simetria está presente no Sefer Ietsirá, que usa a palavra hebraica chacac - cujo significado, no texto traduzido, é gravou - para explicar o processo. A importância de citar esta expressão é justificada quando se interpreta a gravação como era realizada nos primeiros tempos: a retirada de material, como, por exemplo, quando sucos eram abertos em uma estrutura de argila paar que formassem letras (ou gravuras).

Para possibilitar que uma criatura venha à existência, Deus tem que gravar em si, no Ser, esta criatura. Como o Criador, em sua natureza plena, é incompatível com a criação, limitada e finita. O Zohar apresenta esse “nascimento” através da noção de “constrição” (Tsimtsum, em hebraico): a remoção do Criador de parte(s) de si (filtragem) permite a existência da criação.

A diferença das energias envolvidas no processo descrito aqui pode ser comparado, de forma grosseira, com a tentativa de tornar possível a existência do planeta Terra, e toda a vida que ela carrega, na mesma região do espaço ocupado pelo Sol (uma estrela). A vida em nosso mundo é inteiramente dependente do astro rei. Porém, a distância ideal que a Terra se encontra do Sol permite que não haja uma calcinação nem um congelamento do nosso planeta. Expor a Terra à natureza plena e direta do núcleo solar inviabiliza a existência do planeta: ele se desintegra. Portanto, só um equilíbrio delicado mantém este ecossistema que fazemos parte.

Dada a primeira quebra de simetria, o que se originou desta? Temos o que os cabalistas chamam por Universo, Olam ou Mundo de Atsilut.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cabala, introdução


Mágica é qualquer tecnologia suficientemente avançada.”

Arthur C Clarke


Apresento aqui um breve resumo sobre a cabala. A ideia deste apanhado é mostrar aspectos básicos desse antigo ensinamento. Aos que já conhecem o assunto, a leitura servirá, no mínimo, para um exercício de compreensão sob uma ótica alternativa.

A opção pela grafia mais simples em português tem um motivo: a palavra cabala, para aqueles que conhecem o estudo, remete diretamente à tradição esotérica judaica (kabballah, kabbalah, kabalah, ou kabala). Porém, no estudo aqui desenvolvido, tomei a liberdade de dar o mesmo nome a uma abordagem mais universal das tradições esotéricas, que englobam outras culturas.

Na prática, isso é corriqueiro entre autores do gênero, principalmente a concepção da cabala apresentada pelos alquimistas e estudantes rosa-cruz. No que tange às doutrinas religiosas diversas, a preocupação que se tem neste resumo é de harmonizar diversos conhecimentos, bem como de permitir àqueles que não tiverem sido abordados diretamente de se integrarem ao escopo apresentado sem que percam os fundamentos que os caracterizam. Em outras palavras, pretende-se que as explicações dadas aqui evitem confrontos ideológicos religiosos – se isso for possível, ao menos com aqueles que não forem radicais - e sirvam como um complemento à fé de cada um. Assim, permito-me interpretações pessoais e assumo a responsabilidade por essas.

Segundo Arieh Kaplan, a cabala se divide em três ramos: teórica, meditativa e mágica.

A cabala teórica é alicerçada no livro Zohar e objetiva o domínio espiritual pela compreensão de sua dinâmica. A cabala meditativa busca alcançar estados superiores da consciência, utilizando-se de nomes divinos e de combinações específicas destes. Por fim, a cabala mágica é diretamente relacionada a cabala meditativa, pois usa as mesmas combinações de palavras para provocar efeitos físicos.

Para a cabala meditativa e mágica é recomendável, sob-reserva e procedimentos específicos, o conhecimento do Sêfer Ietsirá. Este é o Livro da Criação, tratando da origem do universo, ou dos universos. Também é um manual de magia, para quem souber interpretá-lo (o que não se mostra fácil).

Os rabinos afirmam que se trata da genética do universo, ou seja, de como o universo é construído. A tradição aponta os tempos bíblicos de Abraão como origem para a obra. A riqueza de simbolismos e o forte enraizamento na cultura hebraica dificultam a interpretação do texto, sendo fundamental recorrer às tradições orais dos hebreus para uma compreensão precisa.

A síntese da cabala que disponho nesta parte do blog está influenciada pela interpretação de Arieh Kaplan, presente no seu livro do Sêfer Ietsirá - O Livro da Criação, com algumas outras contribuições de autores diversos.

Logicamente, este resumo está profundamente permeado pelos ensinamentos do professor Marlanfe T Oliveira, uma vez que é a escola na qual perfilo.

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Geralmente se entende por Cabala a sabedoria oculta dos rabinos judeus da Idade Média; esta, porém, é apenas uma de suas ramificações ou a maneira hebraica de interpretar a verdadeira Cabala. Segundo alguns autores, a origem desta' ciência remonta aos antigos caldeus, donde a teriam derivado os judeus durante o seu cativeiro em Babilônia, adaptando-a à interpretação esotérica de suas escrituras e das alegorias bíblicas. Todavia, outros autores lhe atribuem uma origem muito mais antiga que a dos próprios caldeus.
Além dessa Cabala teórica, criou-se um ramo prático relacionado com as letras hebraicas, como representações ao mesmo tempo de sons, números e ideias.”

Eliphas Levi, “Apresentação”, em As Origens da Cabala.

A antiga tradição mística dos hebreus possuía três escrituras: os Livros da Lei e dos Profetas, que conhecemos como Velho Testamento; o Talmud, ou coleção de comentários eruditos sobre aquele; e a Cabala, ou interpretação mística do mesmo livro. Desses três livros, dizem os antigos rabinos que o primeiro é o corpo da tradição; o segundo, a sua alma racional; e o terceiro, o seu espírito imortal. Os homens ignorantes lêem com proveito o primeiro; os homens eruditos estudam o segundo; mas o sábio medita sobre o terceiro. É realmente muito estranho que a exegese cristã jamais tenha buscado as chaves do Velho Testamento na Cabala.”
Dion Fortune, Parte I, em A Cabala Mística.

A palavra Kabala significa, em hebraico, receber, receber a luz.”
Sigalith H Koren, em Almanaque de Kabala.

A CABALA é o ensinamento místico do Judaísmo. O movimento alcançou seu clímax no século XIII, na Espanha, com a divulgação do livro Zohar, mas, na realidade, data de uma época muito anterior.
Tovar Sender, em Iniciação à Cabala.

Cabala é a tradição oculta ou esotérica dos Hebreus. Conforme afirmam os rabinos, Enoque a ensinou ao patriarca Abraão e este a transmitiu oralmente a seus filhos e netos.”
F. V. Lorenz, em Cabala, A Tradição Esotérica do Ocidente.


(Continua)