segunda-feira, 23 de julho de 2012

Atsilut


Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou. É preciso ir mais longe. Eu penso várias vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho em um grande silêncio e a verdade me é revelada.

Albert Einstein


Neste nível de existência, o primeiro e mais elevado da criação, não há substâncias. Para aqueles familiarizados com a filosofia, em particular com Platão, a explicação dele para o que denominou como Mundo das Ideais é semelhante ao que se deve entender por Mundo de Atsilut. O famoso filósofo grego dividia a existência em dois macros campos. No primeiro temos o mundo percebido pelos cinco sentidos, com os quais interagimos com esse mundo. No segundo, o Mundo das Ideias, só os pensamentos podem nós fazer alcançar o mesmo. A maior discrepância entre o que Platão explica, como mundo intangível, em relação à realidade que descrevo nesta seção é relativo à forma: no Mundo das Ideias existe forma, em Atsilut não.

A diferença marcante da pálida explicação que tentei expor sobre Deus (que não pode ser realmente descrito), na seção anterior, em relação à criação em seu nível mais divino, é que esta última tem limite: só existe dentro do conceito de assimetria. O Mundo de Atsilut está confinado à mente de Deus (Resh) é, além disso, difere do Criador quanto à composição, uma vez que, quando Ele grava a criatura, as partes incompatíveis com o conceito de assimetria, obrigatoriamente, têm de serem subtraídas, em termos populares, ficar de “fora”.

Assim como na física uma lente polarizada (que só deixa passar certas “qualidades” de luz) pode ser utilizada para limitar ondas eletromagnéticas indesejáveis, o Tsimtsum, de forma análoga, separa arquétipos, ideias, indesejáveis - no sentido de compatibilidade - à criação.

Desta forma, o conceito de Mundo do Nada é perfeitamente aplicável à Atsilut, pois não existe alegoria didática que se possa fazer para explicar estruturalmente este plano sublime.

Atsilut compõe um ser único, realidade universal que é suporte da existência de toda a criação, inclusive aquilo que será chamado de universo físico. Ele representa a primeira e principal quebra de simetria do Deus Imanifesto (a Unidade Perfeita, ou Simetria Absoluta). Em consequência, sua perfeição e sua simetria, dentro da criação, são sem igual.


A primeira quebra de simetria.


Mas como pode algo sem substância, o Mundo do Nada, vir a gerar algo? A denominação nada já foi abordada quando tratei sobre geração a partir do vácuo: não se trata do nada filosófico. Em termos físicos, a ideia que pode ilustrar esta proposição é apresentada naquele mesmo texto.

Ainda no Sêfer Ietsirá, a citação “Seu fim está contido em seu princípio” é uma síntese sem igual, embora um tanto abstrata, para o que venho desenvolvendo aqui: estamos rumando da simetria absoluta (Deus) para o absolutamente assimétrico (universo físico). A ideia de iniciar, de principiar, contém a razão e objetivo do produto final. Sem esse arquétipo a assimetria, o início, o fm e o finito não se manifestariam.

Este universo primeiro é o mundo de puras ideias, ainda sem qualquer matéria. Este é o Mundo de Atsilut. É o universo da emanação.

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