quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cabala, introdução


Mágica é qualquer tecnologia suficientemente avançada.”

Arthur C Clarke


Apresento aqui um breve resumo sobre a cabala. A ideia deste apanhado é mostrar aspectos básicos desse antigo ensinamento. Aos que já conhecem o assunto, a leitura servirá, no mínimo, para um exercício de compreensão sob uma ótica alternativa.

A opção pela grafia mais simples em português tem um motivo: a palavra cabala, para aqueles que conhecem o estudo, remete diretamente à tradição esotérica judaica (kabballah, kabbalah, kabalah, ou kabala). Porém, no estudo aqui desenvolvido, tomei a liberdade de dar o mesmo nome a uma abordagem mais universal das tradições esotéricas, que englobam outras culturas.

Na prática, isso é corriqueiro entre autores do gênero, principalmente a concepção da cabala apresentada pelos alquimistas e estudantes rosa-cruz. No que tange às doutrinas religiosas diversas, a preocupação que se tem neste resumo é de harmonizar diversos conhecimentos, bem como de permitir àqueles que não tiverem sido abordados diretamente de se integrarem ao escopo apresentado sem que percam os fundamentos que os caracterizam. Em outras palavras, pretende-se que as explicações dadas aqui evitem confrontos ideológicos religiosos – se isso for possível, ao menos com aqueles que não forem radicais - e sirvam como um complemento à fé de cada um. Assim, permito-me interpretações pessoais e assumo a responsabilidade por essas.

Segundo Arieh Kaplan, a cabala se divide em três ramos: teórica, meditativa e mágica.

A cabala teórica é alicerçada no livro Zohar e objetiva o domínio espiritual pela compreensão de sua dinâmica. A cabala meditativa busca alcançar estados superiores da consciência, utilizando-se de nomes divinos e de combinações específicas destes. Por fim, a cabala mágica é diretamente relacionada a cabala meditativa, pois usa as mesmas combinações de palavras para provocar efeitos físicos.

Para a cabala meditativa e mágica é recomendável, sob-reserva e procedimentos específicos, o conhecimento do Sêfer Ietsirá. Este é o Livro da Criação, tratando da origem do universo, ou dos universos. Também é um manual de magia, para quem souber interpretá-lo (o que não se mostra fácil).

Os rabinos afirmam que se trata da genética do universo, ou seja, de como o universo é construído. A tradição aponta os tempos bíblicos de Abraão como origem para a obra. A riqueza de simbolismos e o forte enraizamento na cultura hebraica dificultam a interpretação do texto, sendo fundamental recorrer às tradições orais dos hebreus para uma compreensão precisa.

A síntese da cabala que disponho nesta parte do blog está influenciada pela interpretação de Arieh Kaplan, presente no seu livro do Sêfer Ietsirá - O Livro da Criação, com algumas outras contribuições de autores diversos.

Logicamente, este resumo está profundamente permeado pelos ensinamentos do professor Marlanfe T Oliveira, uma vez que é a escola na qual perfilo.

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Geralmente se entende por Cabala a sabedoria oculta dos rabinos judeus da Idade Média; esta, porém, é apenas uma de suas ramificações ou a maneira hebraica de interpretar a verdadeira Cabala. Segundo alguns autores, a origem desta' ciência remonta aos antigos caldeus, donde a teriam derivado os judeus durante o seu cativeiro em Babilônia, adaptando-a à interpretação esotérica de suas escrituras e das alegorias bíblicas. Todavia, outros autores lhe atribuem uma origem muito mais antiga que a dos próprios caldeus.
Além dessa Cabala teórica, criou-se um ramo prático relacionado com as letras hebraicas, como representações ao mesmo tempo de sons, números e ideias.”

Eliphas Levi, “Apresentação”, em As Origens da Cabala.

A antiga tradição mística dos hebreus possuía três escrituras: os Livros da Lei e dos Profetas, que conhecemos como Velho Testamento; o Talmud, ou coleção de comentários eruditos sobre aquele; e a Cabala, ou interpretação mística do mesmo livro. Desses três livros, dizem os antigos rabinos que o primeiro é o corpo da tradição; o segundo, a sua alma racional; e o terceiro, o seu espírito imortal. Os homens ignorantes lêem com proveito o primeiro; os homens eruditos estudam o segundo; mas o sábio medita sobre o terceiro. É realmente muito estranho que a exegese cristã jamais tenha buscado as chaves do Velho Testamento na Cabala.”
Dion Fortune, Parte I, em A Cabala Mística.

A palavra Kabala significa, em hebraico, receber, receber a luz.”
Sigalith H Koren, em Almanaque de Kabala.

A CABALA é o ensinamento místico do Judaísmo. O movimento alcançou seu clímax no século XIII, na Espanha, com a divulgação do livro Zohar, mas, na realidade, data de uma época muito anterior.
Tovar Sender, em Iniciação à Cabala.

Cabala é a tradição oculta ou esotérica dos Hebreus. Conforme afirmam os rabinos, Enoque a ensinou ao patriarca Abraão e este a transmitiu oralmente a seus filhos e netos.”
F. V. Lorenz, em Cabala, A Tradição Esotérica do Ocidente.


(Continua)

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