domingo, 30 de dezembro de 2012

Por que acredito em Deus, parte II

Antes desta leitura, leia o texto Por que acredito em Deus, que traz a primeira parte desta análise.

Feita a constatação de que a consciência é indispensável para que o universo em que vivemos tenha as leis físicas e, com isto, toda a configuração que experimentamos, façamos outra análise.

Primeiro, constata-se que se a conformação do universo depende da consciência, da mente, então não se pode falar que é a matéria que gera a mente (no cérebro, como é suposto pela ciência mais ortodoxa).

Pelo experimento da escolha retardada com o uso do apagador quântico, fica claro que não só a sobreposição de estados de dada partícula só é desfeita quando é possível se distinguir uma dentre duas possibilidades físicas (sem que tal distinção implique em qualquer tipo de interação com o elétron, ou fóton, que já não tenha ocorrido), ou seja, se o pesquisador consegue definir, a partir do que é captado pelos sensores, se uma partícula elementar obrigatoriamente apresentou um só caminho percorrido. O curioso é que tal possibilidade independe do tempo. Em outras palavras, a medição feita hoje afeta, ao menos em nível de escala atômica, o futuro e o passado. Mas, como Stephen Hawking e Leonard Mlodinow propõem, essa característica de “seleção dentre possibilidades” para uma partícula pode (e deve) ser estendida a toda a história do universo e às leis que o regem.  

A citada característica de independência temporal se denomina por “atemporal”. Logo, os efeitos da consciência na matéria, quando atua como seletor que permite definir a história descrita e despreza as potencialidades concorrentes, são atemporais.

A implicação disto é que a observação feita no que percebemos como “agora” define, em todo ou em parte, a história do universo do seu momento inicial ao seu fim (se existir um). Saindo da escala macro do universo e retornando a observação de um fóton, o que equivale a se ater a experiência já citada aqui, note que a redução de estado (perda de sobreposição) implica em definir um (grupo de) caminho para a partícula no seu deslocamento no tempo, momento a momento. Em dado contexto, pode-se assim afirmar que a partícula tenha estado nesta ou naquela posição. Isso ilustra a característica temporal e local da matéria.

Todavia, se a matéria exibe características locais e temporais, a característica não local só pode vir da outra componente fundamental do universo: a consciência. Contudo, se o fator atemporal é inerente à consciência, então, por certo, no momento inicial do universo, a mente já existia [1], ainda que o espaço-tempo fosse um embrião e a matéria um aglomerado de densidade descomunal. Note que, neste contexto, não faz sentido supor consciências (múltiplas): o universo tem dimensões pontuais neste estágio. Mais ainda: não faz sequer sentido em postular uma consciência local, presa a influências exclusivamente daquilo que a cerca.

Assim sendo, a proposição de uma mente única, uma só consciência, da qual somos parte (e utilizamos de fração da mesma) é a proposta que atende de forma simples e direta as necessidades físicas (e metafísicas) daquilo que observamos na natureza.  

O mais prudente seria afirmar que aquilo que chamamos de consciência deriva de algo que existe no universo, na criação, que independe do tempo e espaço. É exatamente essa consciência, ou mente, primária, da qual tudo deriva, é que pode ser chamada de Deus.

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[1] O correto seria afirmar simplesmente que a mete existe, visto que, de acordo com a análise aqui apresentada, ela é atemporal: não faz sentido, portanto, colocar o verbo no passado ou futuro.

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