sábado, 7 de dezembro de 2013

CRONOLOGIA DA CRIAÇÃO (segunda parte)

Leia a primeira parte aqui.

CRIAÇÃO: CRONOLOGIA

Em 1905, Albert Einstein publica sua “Teoria” da Relatividade Geral, introduzindo o conceito de “espaço-tempo quadri-dimensional”, descrevendo fenômenos bizarros quando se atinge velocidades próximas à da luz e identificando a gravidade com a estrutura geométrica do próprio espaço/tempo.
Em 1914, o astrônomo americano Vesto Sliper relata que quase todas as nebulosas mostram um desvio para o vermelho, ou seja, estão se afastando de nós em altas velocidades.
Em 1915, Albert Einstein publica suas “Equações” da Relatividade Geral, descrevendo a gravidade não como uma “força”, mas como o efeito da massa sobre o espaço-tempo. A Teoria da Gravidade de Newton, de 300 anos, é finalmente “complementada”. Apesar da “coerência” da Relatividade Geral, em suas “equações de campo”, Einstein lança-mão de uma “constante cosmológica” falsa, representada pela letra grega “Lambda”, para “justificar” um universo estático e “infinito”, em que o volume total do espaço não varia com o tempo e com o único objetivo de descartar a necessidade para um ato de criação para o universo, conforme ele próprio confessou posteriormente. Um universo estático e eterno dispensaria perfeitamente a necessidade de um criador.
Em 1917, o astrônomo holandês Willem de Sitter, usando as equações de campo do próprio Einstein, estabelece um modelo geométrico de universo contrário ao de Einstein, que implica que o universo está se expandindo, ou seja, provando que o universo estático e eterno de Einstein é “insustentável”, inclusive considerando a constante cosmológica lambda.
Em 1919, o astrônomo inglês Sir Arthur Eddington coordena duas expedições simultaneamente, uma ao Golfo da Guiné (África ocidental) e a outra em Sobral-Ce, Brasil, ambas com o intuito de fotografar o eclipse solar total. Ao descobrir que a luz estelar é desviada conforme passa pelo sol, Eddington fornece a primeira comprovação do que a Teoria Geral da Relatividade afirma, a saber: que o espaço-tempo quadri-dimencional é curvo e que a menor distância entre dois pontos é uma curva e não uma reta, como afirmava a geometria euclidiana. Estava irrefutavelmente provada, portanto a teoria da relatividade de Einstein.
Em 1922, o matemático russo Alexander Friedmann demonstra, mais uma vez, que as equações de campo de Einstein não permitem a existência de um universo estático e infinito. A cosmologia de Friedmann representa um universo singular (matéria instável, temperatura e densidade infinitas, em tempo 0 e volume 0), espacialmente homogêneo (mesmas propriedade em qualquer lugar do espaço) e isotrópico (mesmas propriedades em qualquer direção no espaço) que se expande desde seu começo singular, até um volume máximo, e depois se contrai atingindo novamente a singularidade. A fonte dessa geometria é um fluido perfeito, cuja energia se distribui de modo incoerente, sem interação entre suas partes (ou seja, sem pressão).
Em 1924, Alexander Friedmann publica um segundo modelo cosmológico semelhante ao de 1922, com a importante diferença de que, ao contrário do primeiro, em que havia uma fase de contração seguindo-se à de expansão, o novo modelo permitia que o volume total do universo aumentasse indefinidamente.
E 1927, o físico belga Georges Lemaître propõe a teoria singular do Big Bang, que afirma que o universo está se expandindo a partir de desintegração radioativa de um “átomo primordial”.
Em 1929, Edwin Hubble faz uma das maiores descobertas da cosmologia moderna, a de que todas as nebulosas são galáxias distantes e que elas estão recuando com uma velocidade que tem relação linear com o quadrado de suas distâncias. Neste mesmo ano, H. P. Robertson estabelece as bases matemáticas que sustentam simultaneamente os modelos de Friedmann (homogêneo e Isotrópico) e de Lemaître (cenário big bang). Ainda em 1929, o físico Paul Dirac propõe a existência de anti-matéria, mostrando que a matéria e a anti-matéria devem resultar em quantidades iguais a partir da transformação de energia em matéria.
Em 1932, Einstein e De Sitter apresentam uma solução cosmológica semelhante à de Friedmann. Neste mesmo ano, Carl Anderson detecta pela primeira vez uma partícula de anti-matéria: o pósitron, em sua câmara de nuvens. E ainda nesse ano, Karl Jansen inventa o radiotelescópio e com ele descobre os sinais “naturais” de rádio vindo do centro da Via Láctea.
Em 1936, o austríaco Victor Franz Hess, Nobel de física, descobre a radiação cósmica de fundo, que implicava que o Universo começou a bilhões de anos, numa SINGULARIDADE COSMOLÓGICA. A partir de agora, as evidências de uma “criação” para o cosmos se tornam cada vez mais evidentes.
Em 1948, George Gamow, Ralph Alpher e Robert Herman usam dados de experimentos atômicos para mostrar as condições do calor intenso do universo primordial, “antes que os átomos pudessem ser formados”. A teoria deles mostra que, como resultado do big bang, cerca de três quartos do universo deveriam ser compostos de hidrogênio e um quarto de hélio. Mais importante: “Eles também prevêem a existência de um brilho remanescente da bola de fogo: sobra da radiação de fundo que, segundo os seus cálculos, deve ter esfriado agora para cerca de 3 graus Kelvin e por todo o espaço”.

Em 1949, K. Gödel mostra que as equações da Relatividade Geral permitem geometrias possuindo “curvas fechadas” no espaço/tempo permitindo a existência de caminhos que conduzem ao passado. A partir daí, a estrutura da “casualidade” e a noção de “tempo cósmico global” recebem uma profunda crítica que não foi resolvida até hoje pela Relatividade Geral.
Em 1950, Martin Ryle descobre que as radiogaláxias se tornam mais abundantes com a distância, significando que as galáxias estão mais próximas umas das outras quanto mais distante olhamos para trás no tempo. Isso era uma prova inconteste de que no “tempo zero” o universo estava em densidade infinita, em tempo infinito e a matéria em estado Instável (Singularidade Cosmológica). Ainda em 1950, Fred Hoyle, Wiliam Fowler, Geoffrey Fowler e Margaret Busbidge mostram como os elementos pesados (compondo apenas 1% da matéria visível no universo) resulta da fusão do hidrogênio e hélio no interior das estrelas.
Em 1960, Allan Sandage descobre os quasares e mostra que o universo primordial era muito diferente do atual.
De 1963 a 1973, vários cientistas, entre eles Stephen Hawking e Roger Penrose fazem várias descobertas importantes relativas aos buracos negros. Ainda neste período, Stephen Hawking comprovou matematicamente que a singularidade não está nem no espaço nem no tempo, mas fora de ambos. Em outras palavras, a singularidade transcende ao espaço e ao tempo.
Em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson, detectaram, a radiação cósmica de fundo em micro-ondas, em todos os lugares do universo para onde apontaram sua sensível e especial antena, conforme prevista por George Gamow e Col., em 1948. Mas a temperatura delas foi de apenas 2,7 graus Kelvin, ou seja, um pouco menor que o previsto.
Em 1967, Andrei Sakharov propõe que o big bang produziu um “excesso preciso” de matéria sobre a antimatéria, resultando na aniquilação da antimatéria e na formação do universo material que vemos atualmente. Isso explica porque não existe antimatéria em nosso universo. 
Em 1970, Robert Dicke e James Peebles anunciam o que eles denominaram de “Ponto Ômega” e lhe atribuíram um valor igual a “1”: um ponto de densidade de tal maneira “crítica” que se tivesse sido um pouco mais ou um pouco menos, o universo teria colapsado na inexistência ou teria sido tão disperso que não permitiria a formação da matéria como a conhecemos.
Em 1974, Brandon Carter propõe o que ele chamou de “Princípio Antrópico” uma racionalização filosófica para explicar a “precisão absoluta” das leis físicas e condições que tornam a vida possível.
Em 1976, o Astrofísico George Smoot, do laboratório Lawrence Berkeley da Universidade de Califórnia usa seu DMR (Radiômetro Diferencial de Micro-ondas) em um avião espião de grande altitude, o U-2, para detectar anisotropia de dipolo na radiação de fundo de micro-ondas. Esse dipolo, ou diferença de temperatura entre direções opostas, mostra que nossa galáxia está sendo arrastada a mais de um milhão de milhas por hora por uma grande massa invisível, e que aglomerados de galáxias devem formar estruturas maiores do que se imaginava. O início de tais estruturas, segundo Smoot, deveria ter deixado pequenas “ondulações” (“flutuações”) na radiação de fundo em micro-ondas. Mas onde elas estavam?
No dia 24 de abril de 1992, os jornais de todo o mundo estamparam as frases do Smoot (“Se você for religioso é como olhar a face de Deus!”); e de Hawking (“A descoberta de Smoot é a mais importante descoberta do século, se não de todos os tempos!”). Neste dia o Astrofísico chefe do laboratório Lawrence Berkeley da Universidade de Califórnia, George Smoot, finalmente anunciou que o instrumento DMR (Radiômetro Diferencial de Micro-ondas), agora acoplado ao satélite COBE, havia, enfim, medido as “ondulações” (“flutuações”) na radiação de fundo em micro-ondas. Era mais do que evidente que o universo teve realmente um começo, uma origem, uma “criação”. Este fato por si só justifica o júbilo com que Smoot e Hawking proclamaram aquelas famosas palavras. 
As descobertas posteriores, atribuídas a vários instrumentos e equipes de pesquisas, quais sejam: as do FIRAS, do satélite COBE, da sonda WMAP, dos telescópios das espaçonaves da NASA e outras, que permitiram cálculos precisos da idade, da composição, da velocidade e da expansão do universo, quando confrontadas com a idéia de um Designer inteligente, nas palavras de Arno Penzias: “não são inconsistentes com tal conceito”.
Comentando esta frase de Arno Penzias, Robert Jastrow, fundador do Instituto Goddard da NASA e atualmente Diretor do observatório de Mount Wilson, disse: “Sim, essa é uma inversão da língua muito divertida por parte de meus colegas físicos. Não inconsistente com, é um sinônimo de consistente com”. 
Em 1998 a Teoria do Big Bang sofreu um grande abalo. A observação do comportamento de certas estrelas (supernovas tipo Ia) parecia implicar que a expansão do universo estava acelerando. Isso contradizia francamente o modelo Big Bang. Para explicar esta "aceleração" e salvar o modelo Big Bang, os cientistas propuseram (sem qualquer base observacional ou experimental) que ela seria consequência da existência de uma certa "energia escura" que ocasionava uma "pressão negativa" (uma espécie de anti-gravidade) no universo. Esta energia não seria identificável a forma alguma de matéria/energia conhecida e nem seria possível a sua observação. No entanto, David Wiltshire propôs uma explicação alternativa para as observações do comportamento de supernovas tipo Ia que não implica essa aceleração.


Em entrevista[1] concedida a  Fred Heeren[2], Robert Ganges[3] no auge da badalação, exatamente no período em que George Smoot anunciou ter descoberto as flutuações de corpo negro. Olhando para as descobertas recentes da ciência moderna, Robert Ganges encontra evidência poderosa de um Criador sobrenatural. Mas ele não começa seu argumento com a descoberta de que o universo deve ter tido um “início”. Também não começa com as evidências de um “design”. Ele começa com a evidência de que o universo é “antigo”.

R. Gange: “O argumento a favor da existência de um Criador Sobrenatural é o fato de que o universo existe entre 14 e 17 bilhões de anos. Agora, isso chega a parecer contraditório. [...] O que eles não percebem é que exatamente o fato de os cientistas atualmente aceitarem idades entre 14 e 17 bilhões de anos é que é a própria prova de uma criação sobrenatural.
F. Heeren: “Como?
R. Gange: “Porque todos os modelos atuais têm um denominador comum, que é o fato de ensinarem que o universo deveria ter desaparecido em uma fração infinitesimal de tempo após seu surgimento. Esse momento é chamado de “tempo de Planck”, e é 10 elevado a menos 43 segundos.
F. Heeren: “Certo”.
R. Gange: “Agora, já que o universo deveria ter desaparecido no Tempo de Planck e já que ele tem de 14 a 17 bilhões de anos, de acordo com o conhecimento científico, a conclusão é que ele deve ter sido ajustado no início em mais de 60 casas decimais. Todos os processos têm uma precisão máxima de 3 a 4 casas decimais e isso já é formidável. Falar em ajuste preciso da ordem de 60 casas decimais é, literalmente, se ajoelhar diante de alguma criação sobrenatural”.

Em entrevista também concedida a Fred Heeren, do  The Chicago Tribune, em 13 de maio de 1994, quando indagado sobre, se fosse possível descartar a singularidade inicial, se o modelo inflacionário por si só poderia ser responsável pelo surgimento do universo, o cosmólogo Alan Guth[4], o primeiro a apresentar um modelo inflacionário para a Teoria do Big Bang, , afirmou:
Alan Guth: “Em primeiro lugar, eu diria que, no nível puramente técnico, a inflação por si própria não explica como o universo surgiu a partir do nada... A inflação por si própria pega um universo muito pequeno (átomo primordial) e produz a partir dele um universo muito grande. Mas a inflação por si própria não explica de onde veio aquele pequenino universo”.

Sobre a mesma problemática, e na mesma entrevista, Robert Jastrow[5] disse:
Robert Jastrow: “A ciência do século XX nos conduziu em direção a uma cortina que ela não pode abrir. É aqui que a ciência termina. E é aqui que a Bíblia começa”.

O mesmo Robert Jastrow, em entrevista à revista Christianity Today, apesar de fazer questão de destacar que era um “agnóstico e não um crente”, afirmou com todas as letras: “Agora vemos como a evidência astronômica suporta a visão bíblica da origem do mundo...  Robert Jastrow "Os elementos essenciais no relato astronômico e nos relatos bíblicos do Gênesis são os mesmos... Os astrônomos agora têm provado por seus próprios métodos que o mundo começou abruptamente em um ato de criação para o qual você pode traçar as sementes de todas as estrelas, de cada planeta, de cada ser vivo neste cosmos e sobre a Terra. E eles descobriram que tudo aconteceu como um produto de forças que não podem esperar para descobrir... Que haja o que eu ou qualquer outra pessoa chamaria de ‘forças sobrenaturais’ é agora, um fato cientificamente comprovado”.

Até mesmo Andrei Linde, considerado o mais “extravagante” cosmólogo inflacionário, quando afirmou que: “poderia ser capaz de produzir um universo inteiro em seu laboratório se pudesse apenas descobrir como desencadear a inflação”[6], admite que a inflação por si só não explica como algo pode ter surgido do nada. Ele escreve: “É certo que a singularidade inicial existiu, porém, explicar essa singularidade inicial, onde e quando tudo começou, ainda permanece o mais intratável problema da cosmologia moderna”. [7]



REFERÊNCIA:
[1] Entrevista foi publicada em maio de 1992 no The Chicago Tribune. Citada em:  Fred Heeren, Mostre-me Deus, p. 443. 
[2] Fred Heeren é físico e  Colunista de “Ciências” do The Chicago Tribune.
[3] Robert Ganges é Ph.D. em Termofísica e presidente da Fundação Gênesis.
[4] Alan Guth, cosmólogo do MIT (Massachusetts Institute of Technology), em entrevista concedida a Fred Heeren, em 13 de maio de 1994, (citado em Mostre-me Deus, p. 216-218),
[5] Robert Jastrow, fundador do Instituto Goddard da NASA e atualmente Diretor do observatório de Mount Wilson
[6] Andrei Linde em Scientific American, novembro de 1994, p.55
[7] Andrei Linde em Scientific American, novembro de 1994, p. 48


Autoria:
Breno - O Deísta

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CRONOLOGIA DA CRIAÇÃO

CRIAÇÃO: EVIDÊNCIAS.

O livro Science & Christianity—Four Views (Ciência & Cristianismo — Quatro Pontos de Vista) de Cristina cerqueira apresenta uma ilustração interessante sobre a delicadeza do equilíbrio das forças e dos elementos do cosmo. O autor pede que os leitores visualizem um explorador numa imaginária “sala de controle de todo o Universo”. Ali o explorador vê inúmeras fileiras de botões que podem ser ajustados para indicar qualquer valor e descobre que cada um desses botões precisa ser regulado num ajuste exato para tornar possível a vida. Um botão define a força da gravidade, outro a força de atração eletromagnética, outro a proporção entre a massa do nêutron e a do próton, e assim por diante. Enquanto o explorador examina esses inúmeros botões, ele vê que poderiam ter sido ajustados em valores diferentes. Fica claro também para ele que, depois de cálculos meticulosos, até uma pequena mudança em qualquer um dos botões modificaria a arquitetura do cosmo de tal forma que a vida deixaria de existir. Mas cada botão está regulado precisamente na posição exata para manter o Universo funcionando e habitável. A que conclusão o explorador deveria chegar sobre como os botões foram regulados daquela maneira? O astrônomo George Greenstein comentou: “À medida que examinamos todas as evidências, é impossível não pensar que alguma causa (ou melhor, um Causador) sobrenatural deve estar envolvido. Será possível que sem querer tenhamos nos deparado com provas científicas da existência de um Ser Supremo?”

Mas, George Greenstein está sozinho na interpretação destes fatos? Claro que não! Vejamos o que diz as maiores mentes científicas do passado recente e da atualidade:

1. “Uma perspectiva moderna sobre a evolução cósmica abre pouco espaço para o acaso” 1
Barrow e Silk, Astrônomos.
2. “Se aceitarmos a Teoria do Big Bang, e a maioria dos cosmólogos agora aceita, então algum tipo de criação é forçado sobre nós... Quem criou estas leis? Não há dúvidas de que um Deus sempre será necessário!” 2
Barry Parker, Físico.

3. “O universo começa a parecer mais como um grande pensamento do que como uma grande máquina. O intelecto não parece mais como um instrumento acidental no domínio da matéria; estamos começando a suspeitar que devemos aclamá-lo como o criador e governador do domínio da matéria... Descobrimos que o universo mostra evidências de um poder planejador ou controlador que tem algo em comum com nossas próprias mentes individuais...” 3
Sir James Jeans, Físico e Matemático

4. “A idéia de uma mente ou logos universal seria, em minha opinião, uma inferência bastante plausível do estado presente da teoria científica...” 4
Sir Artur Eddington, Astrofísico

5. “Encontrei poucos, desde Einstein a Schrödinger, que em um ou outro estágio não tivessem que inserir Deus... Acaso ou necessidade não podem explicar os achados recentes da Microbiologia, como o código do DNA ou a especificidade da hemoglobina... Como na Física, a Bioquímica moderna não permite mais as explicações puramente naturalistas... A antiga posição do acaso é agora substituída por uma nova idéia da importância e do domínio da especificidade do universo, com a implicação inevitável de que Deus existe” 5
David Forester, Astrobiólogo

6. “O cientista é controlado pelo senso da causa universal... Sua percepção religiosa toma a forma de um assombro magnífico diante da harmonia da lei natural, a qual revela uma inteligência de tamanha superioridade que, comparada a ela, todo o pensamento sistemático e ações dos seres humanos se tornam uma reflexão totalmente insignificante”
Albert Einstein, Físico Teórico

7. “Não podemos compreender o universo de uma maneira clara sem o sobrenatural”.
Allan Sandage, Astrônomo

8 “À medida que examinamos todas as evidências, é impossível não pensar que alguma causa — ou melhor, um Causador — sobrenatural deve estar envolvida. Será possível que sem querer tenhamos nos deparado com provas científicas da existência de um Ser Supremo?”6
George Greenstein, Astrônomo

9. “Uma interpretação de bom senso dos fatos sugere que um superintelecto brincou com a Física, bem como com a Química e a Biologia, e que não há forças ocultas que valham a pena mencionar na natureza. Os números que alguns abstraem dos fatos me parecem tão esmagadores que colocam essa conclusão quase acima de quaisquer questionamentos”.
Sir Fred Hoyle, Astrofísico

10. “Fiéis da Bíblia podem ficar seguros que a observação do mundo é consistente com a palavra de Deus” 7
George F. Smoot, Astrofísico, Nobel de Física 2006

11. “Considere a grandiosidade do problema. A ciência provou que o universo surgiu de uma explosão em determinado momento. Pergunta-se: Que causa produziu este efeito? Quem ou o que colocou a matéria a energia e o tempo dentro do universo?... E a ciência não pode responder a estas perguntas… Para o cientista que viveu acreditando no poder da razão, a história termina como um pesadelo. Ele escalou as montanhas da ignorância; está perto de conquistar o ponto mais alto; à medida que se esforça para alcançar a última rocha, ele é recebido por um bando de teólogos que estavam sentados lá há séculos” 8
Robert Jastrow, fundador do Instituto Goddard da NASA e atualmente Diretor do observatório de Mount Wilson.

12. “As descobertas da cosmologia moderna, quando confrontadas com o conceito de um Designer inteligente, não são inconsistentes com tal conceito”.9
Arno Allan Penzias, Nobel de Física, 1978.

13. “Sim, Pensias está certo. Essa é uma inversão da língua muito divertida por parte de meus colegas físicos. Não inconsistente com, é um sinônimo de consistente com”.10 
Robert Jastrow, fundador do Instituto Goddard da NASA e atualmente Diretor do observatório de Mount Wilson

14. “Se você for religioso é como olhar a face de Deus!”11 
George Smoot, Astrofísico, Nobel de Física, 2006 –  por ocasião da descoberta da radiação de fundo em micro-ondas.

15. “É mais simples postular a criação ex nihilo – o Divino constrói a natureza a partir do nada – do que aceitar que tudo foi produto do acaso”.12
Edmund Whittaker, físico.

REFERÊNCIAS
1 The Left Hand of Creation – The Origin and Evolution of the Expanding Universe, p. 26
2 Creation - The Story of the Origin and Evolution of the Universe, p.282
3 The Misterious Universe, citado por A. E. Wilder Smith, Man’s Origin, Man’s Destiny, p. 9
4 The Nature of the Physical World, p. 338
5 The Philosophical Scientists, pp. 172-179
6 Citado por Cristina Cerqueira, Science & Christianity—Four Views, 2009, p. 91
7 Mostre-me Deus, Fred Heeren, prefácio, p. 11
8 God and the Astronomers, p. 106-107
9 Citado por Addison-Wesley, The Early Universe, 1994, p. 14
10 Citado por Addison-Wesley, The Early Universe, 1994, p. 16
11 Mostre-me Deus, Fred Heeren, p. 164
12 God and the Astronomers, R. Jastrow, 2ª. Ed. 1992, p.103.

Autoria:
Breno - O Deísta

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domingo, 1 de dezembro de 2013

A QUEDA DA METAFÍSICA MATERIALISTA

A separação institucional entre a ciência convencional e a espiritualidade teve início no Ocidente, no século XVII, quando o filósofoRené Descartes dividiu a realidade em mente (o âmbito da religião) e matéria (o âmbito da ciência). Essa divisão se difundiu pela Ásia com o domínio britânico do Oriente, nos séculos XVIII e XIX. Há décadas os materialistas objetivistas vêm tentando subjugar o território espiritual e procurando reduzir o subjetivismo a um epifenômeno emergente da matéria e das interações materiais. Como resultado, os filósofos espiritualistas, em especial no Ocidente, assumiram uma posição puramente defensiva aceitando conformadamente a fatia cartesiana que lhe competia. Entretanto, o paradigma separatista da ciência convencional, aperfeiçoado por Galileu Galilei, Johannes Kepler, Pierre Simon Laplace e Isaac Newton deu lugar, no século XX, a um novo paradigma: a Física Quântica. Essa nova concepção abriu uma janela no muro divisório que separava a ciência da espiritualidade.
Se a ciência convencional comprometeu a credibilidade das tradições espirituais e as doutrinas a elas associadas, ao fornecer uma outra e viável visão de mundo, realista e materialista, que explica os fenômenos sem se basear em conceitos metafísicos de nenhuma espécies, por outro lado, a física quântica comprometeu a credibilidade da ciência convencional invalidando seus principais dogmas. Para compreender essa façanha da física quântica, é preciso examinar quais foram os dogmas da ciência convencional refutados por ela. 
Durante os trezentos e cinqüenta anos de sua história, a ciência convencional, realista e materialista, adotou os seguintes dogmas: 

1. CONTINUIDADE: Com o determinismo causal, veio a hipótese de que toda mudança, ou todo o movimento, é contínuo.

2. DETERMINISMO CAUSAL: O mundo é uma máquina determinada, de mecanismo semelhante a um relógio. Toda mudança, ou todo movimento, de um objeto é determinada pelas condições iniciais do objeto (posição e velocidade) e pelas forças materiais que agem sobra ele. René Descartes, que dividiu a realidade num mundo dual de mente e matéria, antecipou o determinismo. Isaac Newton desenvolveu a física correspondente, mas foi o matemático francês Pierre Simon Laplace quem enunciou o determinismo de modo claro pela primeira vez. Laplace escreveu um livro sobre mecânica celeste, talvez o primeiro livro do gênero que não mencionava Deus como agente causal. Isso provocou um escândalo na corte francesa. Até o imperador Napoleão Bonaparte ficou intrigado e acabou intimidando Laplace para lhe perguntar: “Porque não mencionou Deus no seu livro?” Diz-se que Laplace respondeu: "Je n'avais pas besoin de cette hypothèse-là, majesté". (Eu não precisei de tal hipótese, majestade).

3. LOCALIDADE: Todas as causas (e seus efeitos) são locais, o que significa que se propagam no espaço com uma velocidade finita, durante uma extensão finita no tempo. Em outras palavras, é impossível uma ação simultânea à distância. Einsteindescobriu que os objetos materiais estão sujeitos a um limite de velocidade, a velocidade da luz, que é cerca de 300.000 quilômetros por segundo. Einstein, por isso, pode ser considerado o pai desta doutrina específica.

4. OBJETIVIDADE FORTE: O mundo material é independente de uma consciência, ou seja, de nós, observadores. Esta ideia tem raízes no pensamento de Aristóteles.

5. MONISMO MATERIALISTA E REDUCIONISMO: Tudo e feito de matéria (átomos ou partículas elementares) e de seus correlatos (campos de energia e de força), e todo fenômeno tem uma origem material a que pode ser reduzido. O físico Richard Feynmandisse que, se tudo fosse destruído e nós pudéssemos preservar uma única ideia da civilização científica de hoje, essa ideia seria a de que “tudo é feito de átomos”, tão forte era a sua crença na ideia de monismo materialista.

6. EPIFENOMENALISMO: Todos os fenômenos subjetivos (a própria consciência, na verdade) são epifenômenos da matéria. Epi significa secundário; epifenômeno refere-se, portanto aos efeitos secundários das interações materiais subjacentes, efeitos que não têm, em si mesmos, nenhuma eficácia causal. O epifenomenalismo é o desdobramento evidente e necessário do monismo materialista. De acordo com essa concepção, todas as causas fluem “de baixo para cima” começando das partículas elementares da matéria, numa hierarquia simples: as partículas elementares formam átomos, os átomos formam moléculas, as moléculas formam células vivas, as células (neurônios) formam o cérebro. Em cada nível, manifestam-se novos fenômenos (a vida, no nível celular, e a consciência, no nível do cérebro), mas eles são, na verdade, epifenômenos, redutíveis às partículas elementares e às suas interações. Toda causação é uma causação ascendente.

Note que, em última analise, nenhuma destas doutrinas é comprovável. Como se prova experimentalmente que todos os fenômenos são materiais? Como se demonstra, por exemplo, que a consciência é um fenômeno material? Além disso, nós ainda não estudamos “todos” os fenômenos. Algumas destas doutrinas realistas materialistas, como a objetividade, o determinismo e o epifenomenalismo, são um insulto à nossa inteligência e ao nosso bom senso: nós temos, inegavelmente, experiências subjetivas; nós somos, inegavelmente, conscientes; e nós presumimos, certamente, possuir livre arbítrio. 
Na verdade, por que pessoas inteligentes levam estes dogmas a sério? Mesmo muitos físicos quânticos estão presos ao pensamento realista materialista e tentam, em vão, minimizar a radicalidade da mensagem do quantum. Supõe-se, de algum modo, que o sucesso da ciência e de seu produto, a tecnologia, está associado à validade dessas doutrinas. A ciência moderna se desenvolveu sobretudo no Ocidente, onde os primeiros cientistas precisaram literalmente se arriscar a ser perseguidos pelos dogmas religiosos para estudar a natureza. Mas, agora que a ciência tem autonomia, por que continuar com a guerra dos dogmas se o nosso objetivo é a verdade, e não saber qual dogma está certo? Nós precisamos abandonar a aceitação, por hábito, das doutrinas realistas materialistas, pois francamente, a mecânica quântica provou que a maioria delas estão completamente erradas, e lançou sérias dúvidas sobre a realidade das demais. A continuidade, o determinismo e a localidade mostram-se inteiramente erradas. A objetividade, o epifenomenalismo e o monismo materialista e reducionista estão sob forte ataque. Iniciemos nossa discussão sobre a física quântica examinando como os princípios experimentalmente estabelecidos da nova física negam esses dogmas.

ALÉM DA CONTINUIDADE

A continuidade é, no fundo, um pressuposto científico derivado do senso comum, e um pressuposto necessário. Olhe para o ambiente em torno de você e depois feche os olhos por alguns segundos. Ao abrir os olhos, você acha que está vendo o mesmo ambiente (ou supondo que ele pareça o mesmo)? Se a sua resposta é sim, você está tomando a continuidade como um pressuposto, mas isso pode ou não ser verdade. Os cientistas se deixaram embalar pelo pressuposto da continuidade porque os fenômenos do mundo macroscópico, mesmo sob escrutínio científico, não parecem, de modo geral, violar esse pressuposto. Além disso, o pressuposto da continuidade nos permite estudar a física de modo matemático, objetivo e lógico. Mas a física quântica, desde o seu próprio início, vem massacrando impiedosamente a doutrina da continuidade. 
Max Planck, o físico alemão que descobriu a ideia de quantum, no final do século XX, percebeu que a energia não é trocada de modo contínuo, mas em “pedaços finitos”, um por um. Um quantum de energia, como ele o denominava, é a menor quantidade de energia que dois corpos podem trocar. Por outro lado, o físico Niels Bohr desenvolveu um modelo de átomo no qual a ideia de movimento “descontínuo” era bastante nítida – embora a imagem fosse desconcertante. Um átomo consiste de elétrons que se movem em torno de um núcleo atômico. De acordo com a física newtoniana e a doutrina da continuidade, os elétrons, ao girar, devem emitir luz continuamente; neste caso eles vão perder energia e órbita aos poucos e, no fim, teriam que cair no núcleo. Portanto, o átomo “clássico”, o que obedece ao princípio da continuidade, não é estável – e isso contrasta com as experiências que sempre mostram o átomo estável. Niels Bohr percebeu que o átomo “é” estável. E é estável porque os elétrons não emitem luz continuamente, mas apenas quando saltam de uma órbita superior para uma inferior. Quando estão na órbita mais baixa de todas (e não há mais órbitas inferiores para as quais saltar) o átomo, finalmente, se estabiliza. Mas pense nas conseqüências disso, em relação ao salto quântico, para que esta teoria funcione! Bohr precisou adotar o pressuposto de que as órbitas são os únicos lugares onde os elétrons podem estar; eles são proibidos de estar “entre as órbitas”. Se é assim, como um elétron salta de uma órbita para outra? Ele simplesmente “desaparece” de uma órbita e “aparece” na outra, sem percorrer o espaço entre elas em momento algum. Você consegue imaginar alguém saltando de um degrau mais alto de uma escada para um degrau mais baixo sem passar pelo espaço entre eles? Esta é precisamente a “imagem” do salto quântico segundo Bohr.
A descoberta da mecânica quântica, mais de uma década depois de Bohr ter desenvolvido sua teoria, revelou que a capacidade do elétron saltar órbitas tem a sua origem na natureza de onda; os elétrons são ondas de probabilidade. Quando nós estamos observando um elétron atômico, ele se torna, devido à sua interação com o campo eletromagnético, uma superposição de localizações em duas ou mais órbitas ao mesmo tempo – ainda que em termos de possibilidades. Quando nós observamos o elétron, a possibilidade de que ele esteja em dois (ou mais) lugares se converte no “ato” de estar momentaneamente num único lugar – e, ao mesmo tempo, um quantum de luz é emitido. Este colapso da onda de possibilidade do elétron no elétron “real” que nós vemos se dá instantaneamente. É descontínuo; não existe um colapso local, “no espaço”, a uma velocidade finita, num período de tempo finito. A descontinuidade do salto quântico permanece.
Erwin Schrödinger foi o co-descobridor da nova mecânica quântica, em especial da equação a que as ondas de possibilidades quânticas (chamadas, em linguagem mais formal, de “funções de onda” ou “superposições coerentes”) obedecem. Como estava lidando com ondas, que são um fenômeno supostamente contínuo, Schrödinger pensou de início ter eliminado da física a descontinuidade. Que pena! Quando ele visitou Bohr em Copenhague, Bohr lhe mostrou que não era bem assim. Schrödinger ficou tão chateado com a lógica inegável de Bohr que desabafou: “Se eu soubesse que estes saltos quânticos descontínuos eram de verdade, eu jamais teria descoberto a mecânica quântica”. 
James Frank e Gustav Hertz providenciaram, há muito tempo, a prova experimental de que as energias atômicas existem como níveis de energia descontínuos, e de que não é possível qualquer variação de energia do elétron entre estes valores discretos. A existência de uma descontinuidade espacial no salto quântico do elétron revela-se melhor no fenômeno do “Tunelamento Quântico”, ou "Penetração de Barreira", observado, por exemplo, nos transistores, que demonstra a capacidade do elétron de transpor uma barreira energeticamente impenetrável (classicamente falando). O elétron quântico tem esta capacidade porque é descontínuo; ele simplesmente desaparece de um lado da barreira e reaparece do outro lado, sem jamais passar pela barreira (Tunelamento, portanto, é um nome incorreto para este fenômeno, porque não há nenhum Túnel, por onde o elétron possa atravessar). Portanto, o dogma da continuidade perdeu completamente a sua validade!
Já derrubamos um dogma da ciência convencional, faltam os outros!

2. ALÉM DO DETERMINISMO CAUSAL: PROBABILIDADES E INCERTEZAS

O físico Max Born foi o primeiro a interpretar os objetos quânticos como “Ondas de Probabilidades” e postulou: “O quadrado de sua amplitude de onda [valor máximo da perturbação de onda] fornece a possibilidade de se encontrar o objeto numa situação determinada”.  Ao medir a onda de probabilidade de um elétron (chamada tecnicamente de “pacote de onda”), nós encontramos o elétron às vezes aqui, às vezes ali. No decurso de um grande número de experimentos, as probabilidades de se encontrar o elétron nas diversas posições vão compondo uma distribuição no familiar formato de “curva de sino”. O que isso quer dizer? Quer dizer que o comportamento do elétron é probabilístico, ou seja, que nós só podemos prever a probabilidade de o elétron estar aqui e ali, mas não a sua posição exata! Se não é possível prever as coisas com exatidão, onde foi parar o determinismo? O determinismo está totalmente fora de questão! Werner Heisenberg, o outro co-descobridor da mecânica quântica, ilustrou a indeterminação do mundo físico com o Princípio da Incerteza: não é possível medir simultaneamente, com precisão absoluta, a posição e a velocidade de um objeto quântico.
As distribuições em formato de curva de sino para as posições do elétron propiciaram uma visão quantitativa do princípio da incerteza. Da mesma forma, se nós representarmos a probabilidade para a velocidade, ou para o momentum (que é a massa multiplicada pela velocidade), teremos mais uma curva de sino. Cada uma destas curvas define um espectro, uma margem de desvio da média a partir de um valor mais provável (o valor representado pela curva do ápice do sino). Estas margens definem as incertezas das quantidades descritas pelas distribuições da probabilidade. A curva de sino da posição fornece a incerteza da posição; a curva de sino do momentum define a incerteza do momentum.
Mas é possível enunciar a relação de incertezas de Heisenberg de modo quantitativo: “O produto das incertezas da posição e do momentum é maior ou igual a uma constante da natureza, designada como h”. Esta constante (“h”) havia sido descoberta anteriormente por Max Planck, que a denominou quantum de ação. Esta lei quantitativa foi comprovada por inúmeros experimentos.
Qual a importância do princípio da incerteza? Ele revela que não é possível determinar a posição e o momentum (velocidade) simultaneamente, com exatidão absoluta; portanto, nunca é possível determinar aqueles tão cobiçados valores iniciais do determinismo newtoniano: a posição inicial e a velocidade inicial. E, sem valores iniciais exatos, é impossível prever as trajetórias dos objetos em movimento, mesmo com um conhecimento exato das forças causais. Deste modo, no campo de aplicabilidade da mecânica quântica, as leis do movimento de Newton estão completamente erradas. Não há nada que possa recompor o determinismo causal depois desta enorme queda; a incerteza prevalece!
Mas é preciso fazer uma observação importante sobre a constante h de Planck: o princípio da incerteza deixa claro que estabelece uma escala natural, a escala em que os efeitos quânticos são normalmente grandes. O que acontece, simplesmente, é que h é uma quantidade tão pequena, camuflando, assim, os efeitos quânticos (a incerteza e a natureza da onda de probabilidade) da maioria dos objetos macroscópicos. A onda de probabilidade de objetos macroscópicos se expande, sim, no intervalo entre duas observações. Mas se expande tão lentamente que só é observável a escalas de tempo comparáveis à idade do nosso universo. Mesmo assim, não se iluda: até os objetos macroscópicos são ondas de probabilidades quânticas e realmente se expandem. Recentemente, graças à precisão na observação que a tecnologia do laser hoje torna possível, um aparelho de uma tonelada foi registrado se expandindo num valor infinitesimal de centímetro, num curtíssimo espaço de tempo.
Já derrubamos mais um dogma da ciência convencional, desta vez o do determinismo, mais ainda faltam os outros.

3. ALÉM DA LOCALIDADE: NÃO-LOCALIDADE QUÂNTICA E TRANSCENDÊNCIA

Por que o pressuposto as localidade é tão importante para a ciência convencional? Imagine que você está diante de uma fonte de água, e que a água, de repente, começa a ir em direção à você e a molhar você. Talvez tenha havido uma turbulência no fluxo da água, ou talvez uma pequena rajada de vento. É possível estudar a situação, e talvez até descrever um trabalho sobre a teoria do caos em ação. Mas, suponha que alguém tenha tossido em São Paulo e provocado um movimento da água em Manaus! Isso é possível; mas é possível fazer ciência nestas circunstâncias? Claro que não! A ciência convencional acolheu calorosamente a confirmação do pressuposto da localidade por Einstein, com a sua teoria da relatividade. Essa teoria nos deu a velocidade da luz como limite da velocidade dos objetos materiais. Segundo este pressuposto, nenhuma influência, no espaço e no tempo, jamais atinge uma velocidade superior à da luz. Por isso, pressupõe-se que todas as influências são locais e demoram uma certa extensão de tempo para percorrer uma certa extensão de espaço – isso é “velocidade”. Esse pressuposto nos permite investigar quais são as influências relevantes para cada situação específica. Mas a mecânica quântica viola a doutrina da localidade. Na mecânica quântica, o colapso descontínuo de uma onda de probabilidade em expansão é instantâneo e, portanto, não-local.
À primeira vista, a não-localidade quântica pareceu pura teoria; como se pode comprovar por experimentos que um objeto realmente se prolonga por distâncias incomensuráveis, em possibilidades, mas sofre um colapso instantaneamente, num ponto atual, quando fazemos a medição? Graças ao trabalho dos físicos David Bohm e John Bell, é possível conceber sistemas quânticos correlacionados não-localmente. Partes desses sistemas podem se distanciar muito, em possibilidades, umas das outras; mesmo assim, quando nós causamos um colapso numa parte, ou mensurá-la, a outra parte sobre um colapso instantaneamente, num estado que denuncia sua secreta correlação não-local (Bohm 1951; Bell 1965). Considere, por exemplo, dois elétrons correlacionados, de início juntos, mas depois se movendo em direções opostas. Quando um deles sofre um colapso num estado em que o indicador aponta “para cima”, sempre se encontra o outro prostrado num estado em que o mesmo indicador aponta “para baixo”. Os elétrons correlacionados dançam claramente ao sabor da mesma música, instantaneamente e sem nenhum sinal de localidade.
É importante que se diga que não é preciso enxergar uma violação da teoria da relatividade de Einstein neste colapso não local por duas razões: primeiro, porque velocidade e de simultaneidade são grandezas físicas diferentes e; segundo, porque as ondas de probabilidades equivalem a uma potência transcendente, num domínio que está fora do espaço e do tempo. A influência não-local é uma influência transcendente; ela influencia a realidade manifesta, mas sem envolver sinais no espaço tempo, ou seja, uma influência não-local opera fora do espaço/tempo, mas tem influência dentro do espaço/tempo. O físico Alain Aspect e seus colaboradores, que comprovaram experimentalmente a correlação não-local entre objetos quânticos (Aspect et al. 1982), foram os primeiros a desenvolver o que hoje nós saudamos como “metafísica experimental”. Eles não apenas provaram a não-localidade quântica como também confirmaram a existência de um domínio de realidade transcendente, para além do domínio material do espaço/tempo. Isso contradiz completamente o pressuposto do realismo materialista, de um mundo material único, e confirmaram diretamente a ideia de transcendência encontrada em todas as tradições espirituais.
Já derrubamos a metade dos dogmas da física clássica.
Graças à física quântica, nós temos provas empíricas diretas de que a continuidade, o determinismo e a localidade não se sustentam.

4. ALÉM DA OBJETIVIDADE, 5. DO MATERIALISMO E 6. DO EPIFENOMENALISMO

O mundo é independente de nós? Ou o que vemos depende de alguma maneira crucial, de nós, de nossas escolhas? O físicoNiels Bohr nos ajudou a perceber que temos um papel crucial na configuração da realidade. Os objetos quânticos são ondas transcendentes em potência, mas, quando observados, sofrem um colapso como partículas localizadas. De que modo é possível averiguar experimentalmente sua natureza de onda na transcendência? É fácil, disse Bohr. Observe-os por meio de um aparato de medição de onda – um aparato que põe em foco suas propriedades como ondas. Uma onda pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Assim, se nós fizermos com que dois elétrons passem por uma tela com duas fendas, eles vão atravessar ambas as fendas como ondas de probabilidades, criando duas ondas em probabilidade. As duas ondas, agora, vão se recombinar e interferir uma com a outra. Detectando as duas ondas numa tela fluorescente, atrás da tela de dupla fenda, é possível ver o efeito dessa bifurcação e dessa interferência. Em alguns pontos da tela fluorescente, as duas ondas, provenientes das duas fendas, vão chegar em fase idêntica; serão os pontos em que elas vão se intensificar mutuamente, aumentando a probabilidade de os elétrons se manifestarem ali. Entre estas duas franjas claras, haverá pontos em que as duas ondas vão checar mutuamente defasadas uma em relação à outra e cancelar-se mutuamente, produzindo uma probabilidade zero e franjas escuras. Este padrão de fendas claras e escuras alternadas chama-se padrão de interferência, e sua ocorrência garante que estamos diante de um fenômeno de onda. Sim, pois, se os elétrons fossem partículas, como bolas de gude, eles só chegariam à tela nos pontos localizados atrás das duas fendas.
Perceba, no entanto, a sutileza. Na sua modalidade onda, os elétrons são ondas de probabilidades e possibilidades. Um elétron sozinho, como uma partícula, sempre se manifesta localizado num único lugar; mas, se observarmos um grane número de elétrons formando um padrão de interferência, podemos concluir que todo elétrons é uma onda; cada um deles é capaz de atravessar ambas as fendas e interferir consigo mesmo.
Você pode questionar: talvez os elétrons atravessem uma única fenda e de alguma maneira se desviem, ao se chocar com a borda da fenda, de modo que eles vão parar ocasionalmente em pontos estranhos da tela fluorescente e fazem surgir uma interferência apenas aparente. Mas adivinhe o que acontece! Quando nós tentamos ver qual das duas fendas um elétron realmente atravessa, nossa tentativa faz com que o elétron sofra um colapso como partícula numa das fendas, e ele aparece exatamente onde se esperava – atrás da fenda, e em nenhum outro lugar. O padrão de interferência desaparece. Niels Bohr esclarece que agora estamos observando os elétrons com um “aparato de medição de partículas”. Nossa intenção de localizar a trajetória do elétron resulta em transformá-lo em partícula. Veja só! A natureza de onda e a natureza de partícula dos objetos quânticos são complementares; a natureza de onda é transcendente e a natureza de partícula é imanente. São complementares também no sentido experimental: só é possível observar, num dado esquema experimental, uma das naturezas.
“Um elétron é uma onda?” “Sim”, diz Niels Bohr, “É uma onda se você observar por um aparato de onda. E não será uma onda se você observar por um aparato de medição de partículas". Depende de como você observa! Você escolhe a realidade de acordo com o modo como a encara. A realidade independe de como você a encara? Como ela pode ser? Você escolhe como o elétron vai se revelar ao escolher o esquema experimental. A natureza da matéria é independente de você, como exige a doutrina da objetividade forte? Não, claro que não!
Este não é o único contexto em que a consciência escolhe a realidade. Ao passar pelo arranjo de fenda, o elétron tem uma forte probabilidade de ir para alguma das franjas claras. Ao cabo de um grande número de observações, todos os pontos das franjas claras serão preenchidos pela chegada de elétrons. Mas qual das franjas cada elétron atinge, numa determinada observação quântica? O matemático John Von Neumann disse que esta pergunta tem apenas uma resposta sensata: “A consciência escolhe – nós escolhemos – onde um elétron vai se manifestar em cada evento". (Von Neumann 1955). Se a consciência é essencial para determinar como se manifesta a realidade, onde foi parar a objetividade (forte) da física clássica? E, se a consciência tem o poder causal de escolher a realidade material, como é possível que ela seja um epifenômeno da matéria? Considere, mais uma vez, o simples quadro hierárquico da consciência que os materialistas nos dão: as partículas elementares formam átomos, os átomos formam moléculas, as moléculas formam células, as células, em última instância, formam o cérebro e o cérebro gera a consciência – uma estrita causação ascendente. O problema com este quadro é que todos os níveis desta hierarquia, desde as partículas elementares até o cérebro, de acordo com a mecânica quântica, continuam sendo ondas de probabilidade. A causação ascendente só pode produzir probabilidades. É necessária uma consciência para causar o colapso da probabilidade “em ato”, por meio daquilo que, é imperioso admitir, é uma causação “descendente”. A consciência não seria capaz de fazer isso se ela própria fosse material, se ela própria fosse composta de probabilidade quântica. Portanto, não apenas a objetividade é invalidade; o monismo materialista está em xeque-mate, pois se a consciência é não-material nem todas as coisas fazem parte do domínio da matéria, como afirmam os dogmas da ciência convencional. E, se a consciência não é produto do cérebro, epifenomenalismo também recebe xeque-mate!

CONCLUSÃO
Se, como postamos no início, a ciência convencional comprometeu a credibilidade das tradições espirituais e as doutrinas a elas associadas, ao fornecer uma outra e viável visão de mundo, realista e materialista, que explica os fenômenos sem se basear em conceitos metafísicos de nenhuma espécies, por outro lado, a física quântica comprometeu a credibilidade da ciência convencional, não só invalidando seus principais dogmas, mas, principalmente, recolocando a consciência como o fundamento de todo o universo e admitindo-a como a base metafísica de um novo paradigma científico: o de uma ciência dentro da consciência.


Autoria:
Breno - O Deísta

Discussão sobre o texto neste link.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A morte não existe

Respeitado pesquisador norte-americano defende que a morte não existe


"... a nossa consciência associa a vida com a existência do corpo, e todos sabemos que os corpos morrem. De acordo com Lanza, a morte não deveria ser encarada como algo definitivo, como o fim de tudo, pois, seriam a biologia e a vida as responsáveis por criar a realidade do Universo, e não o contrário.  E mais: o espaço e o tempo não passam de ferramentas criadas pela mente para que a nossa realidade faça sentido." (por Por Maria Luciana Rincon em 20/11/2013, em Megacurioso)

Não deixem de ler o artigo completo. O link está nas letras coloridas acima da citação.

domingo, 27 de outubro de 2013

Realismo Estrutural

Para os físicos o mundo e formado por partículas e campos de força, mas não está nada claro que partículas e campos estão no domínio quântico. O mundo pode ter uma infinidade de propriedades como cor e forma.
Meinard Kuhlmann (*)


O reducionismo adotado pela ciência, em particular pela física, está com problemas. Embora os aceleradores de partículas e o conhecimento recente tenha avançado (O Prêmio Nobel de Física de 2013 foi atribuído ao britânico Peter Higgs e ao belga François Englert por suas descobertas sobre o bóson de Higgs, partícula elementar que explica a origem da massa), a suposição de que o universo é feita por minúsculas partes que podem ser estudadas isoladamente e, a partir destas, a realidade seria explicável pela combinação pura e simples das mesmas está varrendo para debaixo do tapete um grave empecilho à compreensão da intimidade da natureza: a extensão dos conceitos clássicos de partículas e campos usada pelos físicos no domínio da mecânica quântica conduz a percepções enganosas e não reais.

Embora o modelo padrão tenha um enorme sucesso e apresente a teoria mais precisa já vista pela humanidade, nem tudo é um “mar de rosas”. Em poucas palavras, há uma tremenda dificuldade de se definir sobre o que, exatamente, a teoria quântica de campos trata (um problema de ontologia). Os “objetos bases” dela, partículas e campos, se confundem: “A teoria quântica de campo atribui um campo a cada tipo de partícula elementar (...) os campos de força não são contínuos, mas quantizados, o que dá origem a partículas (...) a distinção entre partículas e campos parece ser artificial”, diz Meinard Kuhlmann (*).

Além disso, imaginar um fóton ou um elétron como uma pequena bolinha, conceito comumente utilizado, é “fantasiar”: uma bolinha tem trajetória, mas não se pode assegurar posição ou velocidade de um fóton, por exemplo, sem que meçamos tal grandeza (é como se ela só existisse quando medida).  Há ainda outros fatores (muitos ligados ao observador) que impedem de forma cabal a aproximação do modelo quântico ao clássico.

No caso dos campos, a “coisa” (semelhança entre o clássico e quântico) já se distância na “largada”: enquanto no campo clássico tem-se grandezas físicas associadas (temperatura, intensidade, etc), no campo quântico tem-se entidades matemáticas abstratas (um espectro de possíveis valores) associadas ao mesmo (tendo-se que se considerar uma outra entidade matemática, o operador, para se extrair uma medida física).

Uma possível saída para a confusão que se estabelece a partir daí está em se descartar partículas ou campos como elementos fundamentais e adotar o realismo estrutural, em que a relação entre os objetos é que constituem o fundamental a ser considerado.

Na versão mais forte, os que defendem o realismo estrutural ôntico afirmam que devemos “prescindir dos objetos e assumir que o mundo é formado por estruturas ou rede de relações”, segundo  Meinard Kuhlmann (*).


(*) Para saber mais, leia Scientific American Brasil  nº 136, páginas 39-41, set/2013.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Existe uma realidade fundamental? - Parte II

O espinho que incomoda qualquer um diante desta questão é: a matéria pode ser “criada”, porque a materialidade é apenas um dos aspectos da realidade. Mas, seja o que for a realidade fundamental, ela não pode ser “criada”. Se você fincar uma estaca e disser, “É aqui, X; aqui está o aspecto mais básico da realidade”, qualquer um pode levantar a mão e falar: “Mas, quem ou o que criou X?”. O criador de X, seja ele Deus, a matemática, a gravidade, a curvatura do espaço-tempo ou qualquer outra especulação, sempre deve ser mais fundamental ainda. Isso significa que a “fonte da criação” é “incriada” – um conceito que a ciência acha quase impossível admitir. Teorias sobre múltiplos universos não nos ajudam, pois mesmo que se teorize ou se encontre a existência de trilhões de outros universos, quem ou o que os criou? Alguns cientistas especulam que outros mundos se criaram entre si, ou que progridem e decaem num ritmo cósmico de nascimento e morte. Isso também não resolve o problema. Quem ou o que determinou o ritmo? O “incriado” é um pesadelo intelectual e científico!

Embora seja normal supor que somos as pessoas mais inteligentes que já viveram, os antigos sábios de Índia sabiam o bastante para declarar que “X”, a realidade mais fundamental, não tem propriedades físicas. Os antigos sábios, inclusive, recusavam-se a dar-lhe sequer um “nome”, preferindo chama-lo de “Isso” (tat, em sânscrito). Na verdade, de acordo com os costumes indianos, eu cometo um “pecado” filosófico/metafísico ao denominá-lo (o “isso”) de “Consciência Pura”, tornando-o mais tangível do que na verdade ele é. No mais profundo do meu ser, eu aceito irrestritamente a natureza inominada, informe e inconcebível do “Isso”.

É aqui que a ciência e a espiritualidade podem ser concordantes. Assim como os átomos e suas partículas “não têm propriedade física” (Heisenberg, Princípio da incerteza), a mente humana se desvanece quando se percebe que ela tampouco tem propriedades físicas. Os átomos e suas partículas surgem de um vácuo (“nada”) que é puro potencial; os pensamentos surgem de um vácuo que é “Isso”, pura consciência! Quando a ciência descreve o “vácuo”, ela está simplesmente fazendo “não afirmações sobre a não existência”. Será que isso não é uma desistência científica? A palavra latina “qualia” é um termo filosófico que define as qualidades subjetivas das experiências mentais ou da percepção mental. Por exemplo, a “vermelhidão” do vermelho ou o “doloroso” da dor. Assim, o tom vermelho, a suavidade e a fragrância de uma rosa são qualia, assim como a doçura do açúcar e a salinidade do sal. Daniel Siegel, PhD em Psiquiatria, juntou todas essas qualia no acrônimo “Sift” (“peneirar”, em inglês), que representa sensação, imagem, sentimento e pensamento. É um acrônimo inteligente, pois, na verdade, nós “peneiramos” o fluxo de dados que nos bombardeia de todos os lados, transformando-o em uma ou mais qualia.
O escritor inglês Christopher Isherwood, ficou famoso por sua frase: “I am a câmera” (Eu sou uma câmera), quando se referia à sua incrível capacidade de registrar dados de memória. Mas nós não somos nenhuma câmera (ou qualquer outra máquina) pela simples razão de que uma câmera não filtra a realidade, enquanto nós temos a escolha de filtra-la ou “peneirá-la”. Olhar para uma paisagem da natureza selvagem envolve um processo específico de filtragem. Cada um de nós vai notar várias cores e tons em meio à luz que muda, sentir o cheiro das plantas ao seu redor e ouvir o canto dos pássaros ou o som do vento farfalhando nos nossos ouvidos, para incorporar tudo isso numa sensação de pasmo, e também nos pensamentos pessoais despertados pelo cenário. Não há duas pessoas que apreciem o mesmo cenário da mesma maneira. Duas câmeras, no entanto, podem facilmente tirar duas fotos completamente iguais. A ciência se lança sobre essa singularidade com entusiasmo, insistindo em que um experimentador deve replicar os resultados de outro, para verificação. Mas, quando alega que uma câmera registra a realidade tal como ela deve ser registrada, a ciência joga a peneira pela janela. As qualia que foram descartadas – sensações, imagens, sentimentos e pensamentos – são as únicas coisas em que podemos realmente confiar.

Então, a questão óbvia é: de onde vêm as qualia? Os neurocientistas afirmam que elas vêm “do” cérebro. Um pensador da Antiguidade, como Platão, dizia que eram parte da natureza. Ambas as respostas são suposições. E apenas suposições. Não importa o quanto se esmere na sondagem do córtex visual, um neurocientista jamais encontrará o tom vermelho de uma rosa naquela pantanosa massa cinzenta; só vai achar uma sopa eletroquímica. Não importa com que profundidade um filósofo se volte para o interior da mente, ele nunca encontrará o ponto exato onde a consciência de súbito produz um tom vermelho aveludado de uma rosa. A trilha termina com a admissão de que sensações, imagens, sentimentos e pensamentos constituintes da realidade são “irredutíveis”. É a lei das qualia. É por isso que a conexão entre mente e cérebro (ou para ser mais genérico, entre a mente e qualquer coisa física) é conhecida como o problema mais difícil de solucionar cientificamente. A consciência não vai deixar você espiar atrás da cortina. A realidade fundamental é tímida; não vai deixar jamais você vê-la nua! Mas, e se invertermos o problema difícil? Em vez de pedir uma explicação física da realidade subjetiva, podemos reivindicar uma explicação subjetiva do mundo físico.  Essa tática funciona. Se você decompuser uma célula cerebral em busca do lugar de onde vem o tom vermelho de uma rosa, a célula acaba desaparecendo em ondas de energia que irão colapsar em puro potencial. Se, ao contrário, você começar a experimentar o vermelho, ele também vai desaparecer, agora no silêncio da mente. Mas, quando isso acontecer, você não vai estar de mãos vazias. Ainda vai estar desperto e atento. “Isso” não pode desaparecer. E mais: ao ligar um interruptor mental, você pode transformar a silenciosa consciência na totalidade do mundo físico. Fazemos isso o tempo todo. Até os cientistas fazem, embora afirmem que estão sendo puramente objetivos. A consciência é senhora de tudo que surge de si mesmo.
A ciência ocidental descarta ou ignora argumentos que poderiam ameaçar seu apego à objetividade. Eu entendo. O Yoga Vasistha, um dos principais textos do vedantismo indiano, propõe uma ideia brilhante. Ao descrever a realidade final e fundamental, Vasistha diz: “É o que não podemos imaginar, mas é de onde se origina toda a imaginação. É o inconcebível, mas é de onde se origina toda a concepção e todo o pensamento”. Para mim, que estou familiarizado com metafísica oriental e com a física ocidental, essa afirmação indiana está bem próxima da realidade quântica. E nem foi preciso toda uma parafernália científica para que os sábios da antiguidade chegassem á mesma conclusão a que chegaram os cientistas ocidentais; para eles, a meditação foi suficiente para que entrassem em sintonia com a própria realidade. A questão é que todos nós, independente de sermos espiritualistas ou cientistas, estamos em contato direto com nossa fonte inconcebível e inimaginável. Por mais que Einstein, Schrödinger e seus colegas tenham se sentido contrariados, eles superaram a dor que acompanhou a aceitação de um mundo quântico. Agora é chegado o momento de integrar esse mundo na nossa vida prática cotidiana, pois a consciência é totalmente capaz de abranger tanto os aspectos subjetivos quanto os objetivos da realidade. As duas formas de observar a realidade fundamental não precisam viver separadas e em desarmonia. Estamos sempre peneirando, a cada segundo da nossa existência. Muitos cientistas não confiam em suas viagens interiores, mas nenhuma pessoa espiritualizada confia em quem tenha uma fixação obsessiva pelo materialismo. A verdadeira segurança só existe na luz da consciência que liga todos os seres humanos.


Breno - O Deísta