quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Cabala Cristã - vídeo aula 02


Em vídeo aula anterior, o livro Cabala Cristã, de autoria de Leonardo O Araújo e Marlanfe T Oliveira, foi apresentado. Neste vídeo, os autores fazem uma explanação complementar ao capítulo introdutório do livro. O Professor Marlanfe explica a origem do nome divino JAVE a partir das sucessões culturais na Mesopotâmia antiga.

Desde agora, pedimos desculpa pela qualidade técnica amadora do vídeo, mas o nosso objetivo é compartilhar o conhecimento que foi obtido.




O sumário do capítulo Introdução é:
- Significado da palavra kabballa e origem do estudo. 
- Definição da vertente cristã, justificativa da abordagem e entendimentos a serem apresentados ao longo deste ensaio. 
- Os apóstolos ccabalistas.

domingo, 19 de outubro de 2014

Sêfer Ietsirá – O Livro da Criação; Teoria e Prática

Autor: Arieh Kaplan.

Ed Sêfer.


Opinião
É surpreende como Arieh Kaplan aborda com relativa simplicidade o texto do Sêfer Ietsirá, profundamente simbólico, e o desdobra em explicações ricas e coesas, utilizando-se de uma linguagem simples. Para um estudante de cabala, é uma obra indispensável. Para iniciantes, é provável que tenham certas dificuldades com alguns termos que não lhes são familiares e, talvez, se percam em alguns contextos específicos, mas nada que uma releitura futura não torne tudo mais claro. Para ambos é, sem dúvidas, um livro para ler e reler várias vezes.


Mais sobre o livro.


 



O Sêfer Ietsirá é, sem dúvida, o mais antigo e mais misterioso de todos os textos cabalísticos.”

Essa é a abertura da introdução do texto, a qual traz uma noção geral sobre o escrito original.
O autor se preocupa em elucidar os profundos significados do texto, desde palavras até frases aparentemente indecifráveis, colocando-as em contexto histórico e resgatando os significados mais profundos da língua e da cultura hebraica.
A análise de letras, números, termos, nomes, citações, etc., são constantes e feitas com rara competência. O autor demonstra conhecimento amplo e didática formidável, brindando-nos com um raciocínio claro e concatenado.
A abordagem é completa, passando por Deus, pelas Sefirot (e suas ligações) e chegando ao homem. Também apresenta trechos de obras diversas para ilustrar tanto o significado do que está apresentando quanto a coerência entre os vários textos de livros diversos (todos relacionados à cabala).
Ainda que não seja objeto direto do livro, alguns exercícios de cabala são apresentados. Mais do que isso, eles estão contextualizados e os resultados dos mesmos são explicitados.

É uma obra rica e de leitura obrigatória para qualquer um que queira realmente conhecer cabala... E também para os que acham que a conhecem.

sábado, 11 de outubro de 2014

Multiverso e Supersimetria

“O Universo e inevitável. (...) O Universo é impossível.”
Nima Arkani-Hamed

Dentre os vários artigos – de excelente qualidade – que podem ser lidos na Edição Especial, n° 60, Física e Astronomia 2, Scientific American Brasil, dois são particularmente de interesse no contexto de assuntos abordado neste blog. Sob os títulos de Complexidade da Física Apoiam Ideia de Multiverso e Supersimetria e a Grande Crise na Física, ambos discorrem sobre o que os pesquisadores tinham expectativa de verificar no LHC, a fim de confirmar teorias, a ausência dessas observações.
Os físicos denominam por Modelo Padrão uma teoria subatômica de grande sucesso para explicar o que é observado em testes, combinando mecânica quântica e relatividade especial. Todavia, o Modelo Padrão não é autoexplicativo, ou seja, silencia-se quanto aos motivos que implicam, por exemplo, no valor da massa do elétron ou na quantidade de partículas que se observa nos laboratórios.
Neste contexto, para explicar os fundamentos que definem o Modelo Padrão, os físicos estudam e propõem estruturas teóricas mais abrangentes. Dentre elas, destaca-se a Supersimetria.
Segundo Einstein, para um cientista “sentimentos religiosos assumem a forma de perplexidade arrebatadora diante da harmonia da lei natural”. Essa percepção foi um verdadeiro norte para os físicos do século passado é, até agora, do nosso século também. Acreditar que as constantes básicas da física emergiriam naturalmente de uma modelo adequado, sem necessidade de preciosos Ajustes Finos, é um quadro que resume tal sentimento.  A Supersimetria (ou Susy) é uma estrutura de teorias que permitem entender as leis da natureza, que conformam o universo, como harmoniosas, naturais, conforme estes conceitos foram contextualizados nas linhas anteriores.
O problema é que o Grande Colisor de Hádrons (LHC), segundo uma considerável parte dos físicos, já deveria ter sinalizado novas partículas que apontassem para a constatação, ao menos em parte, da Supersimetria. Em 2015 novas experiências, envolvendo mais energias, serão realizadas no LGH. Se as previsões feitas por meio da Supersimetria não forem encontradas, ter-se-á de se repensar em como devemos entender os Ajustes Finos.
Uma possibilidade ventilada pelos físicos é o Multiverso, ou seja, que o nosso universo seja mais um entre um número exorbitante de universos paralelos existentes. Neste quadro, todas as possibilidades de ajustes de constantes físicas ocorre, tornando a do universo que vivemos apenas mais uma dentre as existentes.
É interessante saber que, por definição, universos paralelos não se interconectam, o que impossibilita uma verificação experimental para apurar a eventual existência de algum outro universo (que não seja este que estamos). Por tal motivo, as críticas em torno desta proposta são comparáveis a produção de sintonias finas realizadas por deuses invisíveis.
O artigo sobre Supersimetria ainda traz mais duas alternativas como substitutos dessa candidata: dimensões extras (passíveis de alguma observação no LHC) e transmutação dimensional (também, neste caso, o LHC poderá definir a sorte da mesma). Sobre essas alternativa, como só li os pouquíssimos parágrafos que constam no próprio texto aqui indicado, prefiro não correr o risco de opinar sem um mínimo de conhecimento sobre o assunto.
Parodiando uma citação de um dos artigos aqui citado, parece que o universo quer nos dar um recado.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sobrenatural – Grandes Mistérios (Revista Super Interessante - edição especial)

Encontra-se nas bancas do nosso país um bom trabalho, realizado pela editora Abril, sobre: eventos dados como sobrenaturais, paranormalidade, mediunidade e a percepção geral dos que testemunham favoravelmente e dos que desdenham os citados temas. Também são abordados alguns casos e pessoas de destaque na área, histórias de charlatões do meio e até algumas abordagens científicas. O título desse texto é o mesmo da revista em foco.

De forma geral, as abordagens são equilibradas, carregadas de sensatez e visam primar por apresentar neutralidade em relação aos grupo, contra ou a favor, que costumam se digladiar em frentes opostas sobre o presente tema. Todavia, é pouco provável que os mais extremistas que se enfileiram nos mencionados grupos apreciem o trabalho, pois, costumeiramente, acusam os artigos de tendenciosos se não coadunam perfeitamente com suas convicções. Paciência.

Aconselho fortemente a leitura. Para os que têm alguma simpatia sobre o tema e pouco conhecimento, verifica-se a oportunidade de ler um material introdutório de nível elevado. Aos que já acumularam leituras e experiências sobre o tema, no mínimo ter-se-á uma perspectiva de como abordar o assunto com curiosos.

Em particular, só chamo a atenção para alguns aspectos (que não tiram o mérito do trabalho aqui apreciado).

1. Há uma grande parte da reportagem diretamente ou indiretamente focada no espiritismo kardecista. Poderia tem abordado outras filosofias e movimentos que tem franca ligação com o sobrenatural. É possível que o volume maior vinculado à doutrina de Allan Kardec venha da organização formal e da ampla simpatia (e adesão) que o espiritismo goza no Brasil.

2. Há algumas abordagens generalizadas que podem levar alguns a distorcer informações. Cito, por exemplo, o trecho “... os principais críticos do espiritismo se tornaram os psiquiatras, que, na virada do século 20, viam na doutrina em expansão uma herança das crenças africanas...”. É possível que uma parte dos leitores conclua, desse trecho, que não se tratava apenas de uma postura dominante (esta é minha interpretação), mas sim um conceito absoluto entre os psiquiatras do período em tela.

3. No artigo intitulado “Viagem ao outro lado da vida”, que aborda a experiência de quase morte (EQM), o texto inicia abordando o singular caso de Pam Reynolds (o qual já mencionei em contexto similar neste blog). Em especial, lê-se (na Super Interessante): “A morte clínica de Pam é aceita por todos os integrantes do corpo médico e está completamente comprovada pelos dados coletados na cirurgia. Os relatos do que ela diz ter ouvido são compatíveis com o que foi dito durante a operação, e instrumentos utilizados para abrir o crânio de Pam – alguns haviam sido recém-criados (e portanto ela não teria como ter visto antes) – foram descritos com exatidão. (...) A ciência tem uma boa resposta para as experiências de quase morte[*] (...) tudo isso é condizente com o aumento de atividade cerebral nos últimos instantes de vida, o que já foi detectado em laboratório.”. Numa leitura analítica dos trechos aqui destacados [**]: ou se conclui que “o aumento de atividade cerebral nos últimos instantes de vida” pode implantar memórias precisas, inclusive de eventos que podem ser comprovados (excluindo uma aberração estatística favorável aos que acreditam que a mente não é um mero epifenômeno do cérebro); ou que se deve tomar a parte como o todo (o aumento da atividade explicando o “implante” de memórias fantasiosas – luzes, encontro com anjos, aparentes mortos, etc – e ignorar a existência de partes dos relatos que são verificáveis); ou que há fraude em todos os estudos (inclusive os que originam artigos científicos) em que são relatados eventos verificáveis, os quais, investigados, puderam ser comprovados.


[*] Alguém pode ter sua visão encoberta de determinado trecho de uma rodovia, testemunhar 2 veículos, deslocando-se em sentido contrário, e, após ficarem ocultados pela barreira, escutar um forte estrondo. Uma conclusão possível é que os automóveis se chocaram. Isso é reforçado se minutos passarem e não se avistar os mesmos saindo da zona da pista que tem a visão encoberta. Todavia, é certo que outros eventos podem ter ocorrido (os carros estacionados e um dos ocupantes ter usado fogos de artifício, por exemplo). Com isso, gostaria de alertar aos que afirmam “a ciência tem uma boa resposta para as experiências de quase morte” que deveriam ser mais precisos e transparentes, pois o correto seria citar “a ciência tem uma possível boa resposta para parte do que é relatado nas experiências de quase morte”, uma vez que “o aumento de atividade cerebral nos últimos instantes de vida”, evento este detectado em laboratório, não implica necessariamente em formação de memórias (salvo ignorância minha sobre algum estudo que demostre tal forçosa correlação).


[**] Procurei não distorcer o contexto dos trechos destacados, mas, certamente, aqueles que leram o artigo abordado aqui poderão apoiar ou contestar minha opinião com propriedade.