sábado, 11 de outubro de 2014

Multiverso e Supersimetria

“O Universo e inevitável. (...) O Universo é impossível.”
Nima Arkani-Hamed

Dentre os vários artigos – de excelente qualidade – que podem ser lidos na Edição Especial, n° 60, Física e Astronomia 2, Scientific American Brasil, dois são particularmente de interesse no contexto de assuntos abordado neste blog. Sob os títulos de Complexidade da Física Apoiam Ideia de Multiverso e Supersimetria e a Grande Crise na Física, ambos discorrem sobre o que os pesquisadores tinham expectativa de verificar no LHC, a fim de confirmar teorias, a ausência dessas observações.
Os físicos denominam por Modelo Padrão uma teoria subatômica de grande sucesso para explicar o que é observado em testes, combinando mecânica quântica e relatividade especial. Todavia, o Modelo Padrão não é autoexplicativo, ou seja, silencia-se quanto aos motivos que implicam, por exemplo, no valor da massa do elétron ou na quantidade de partículas que se observa nos laboratórios.
Neste contexto, para explicar os fundamentos que definem o Modelo Padrão, os físicos estudam e propõem estruturas teóricas mais abrangentes. Dentre elas, destaca-se a Supersimetria.
Segundo Einstein, para um cientista “sentimentos religiosos assumem a forma de perplexidade arrebatadora diante da harmonia da lei natural”. Essa percepção foi um verdadeiro norte para os físicos do século passado é, até agora, do nosso século também. Acreditar que as constantes básicas da física emergiriam naturalmente de uma modelo adequado, sem necessidade de preciosos Ajustes Finos, é um quadro que resume tal sentimento.  A Supersimetria (ou Susy) é uma estrutura de teorias que permitem entender as leis da natureza, que conformam o universo, como harmoniosas, naturais, conforme estes conceitos foram contextualizados nas linhas anteriores.
O problema é que o Grande Colisor de Hádrons (LHC), segundo uma considerável parte dos físicos, já deveria ter sinalizado novas partículas que apontassem para a constatação, ao menos em parte, da Supersimetria. Em 2015 novas experiências, envolvendo mais energias, serão realizadas no LGH. Se as previsões feitas por meio da Supersimetria não forem encontradas, ter-se-á de se repensar em como devemos entender os Ajustes Finos.
Uma possibilidade ventilada pelos físicos é o Multiverso, ou seja, que o nosso universo seja mais um entre um número exorbitante de universos paralelos existentes. Neste quadro, todas as possibilidades de ajustes de constantes físicas ocorre, tornando a do universo que vivemos apenas mais uma dentre as existentes.
É interessante saber que, por definição, universos paralelos não se interconectam, o que impossibilita uma verificação experimental para apurar a eventual existência de algum outro universo (que não seja este que estamos). Por tal motivo, as críticas em torno desta proposta são comparáveis a produção de sintonias finas realizadas por deuses invisíveis.
O artigo sobre Supersimetria ainda traz mais duas alternativas como substitutos dessa candidata: dimensões extras (passíveis de alguma observação no LHC) e transmutação dimensional (também, neste caso, o LHC poderá definir a sorte da mesma). Sobre essas alternativa, como só li os pouquíssimos parágrafos que constam no próprio texto aqui indicado, prefiro não correr o risco de opinar sem um mínimo de conhecimento sobre o assunto.
Parodiando uma citação de um dos artigos aqui citado, parece que o universo quer nos dar um recado.


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