terça-feira, 31 de março de 2015

EXPERIMENTO MENTAL SOBRE O EU E A EXISTÊNCIA


Experimento mental: em filosofia e em física, um experimento mental ou experiência mental (da expressão alemã Gedankenexperiment) constitui um raciocínio lógico sobre um experimento não realizável na prática, mas cujas consequências podem ser exploradas pela imaginação, pela física ou pelas matemáticas.

INTRODUÇÃO
Assumamos uma postura muito parecida com Descartes: duvidemos sobre a veracidade da existência de tudo (de forma metódica)! Assim, colocando em cheque a realidade percebida a esse ponto extremo, Descarte concluiu que o pensamento (no caso a dúvida sobre o que existe ou não) persistia, daí a famosa conclusão do filósofo: “Penso, logo existo!”.
Cogito, ergo sum significa "penso, logo sou"; ou ainda Dubito, ergo cogito, ergo sum: "Eu duvido, logo penso, logo existo" - Cogito, ergo sum  [Wikipedia em 21 Mar 15]
Mas há quem discorde, e com razão, dessa conclusão de Descartes: que é possível concluir a existência do “eu” de forma direta a partir da constatação da dúvida. Vejamos o que Elifas Levi aponta em seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia:
Porém, dizer "Eu penso, logo existo", é concluir da consequência ao princípio, e recentes contradições levantadas pelo grande escritor Lamennais demonstra [filósofo e escritor político francês, 1782-1854] a imperfeição filosófica deste método. Eu sou logo existe alguma coisa, nos parece uma base mais primitiva e mais simples da filosofia experimental.
Assim, cabe um trabalho dedutivo maior aqui. O “existe alguma coisa”, apontada por Levi (acima), mas na dúvida metódica de Descartes o “eu” foi eliminado no processo sistematizado que ele desenvolveu em sua filosofia. A dúvida, a qual se mencionou no primeiro parágrafo, ou, talvez, algo mais (ou algo além), é conclusiva quanto a sua existência. A dúvida faz parte de uma classe de entes que definimos como pensamento. Isto posto, pode-se dizer que se pode duvidar de tudo, mas não de que o pensamento existe.
Com essa modelagem se ilustra o processo que é aqui empregado para propor uma sequência lógica, blindada às falhas, para deduzir a existência e algumas assertivas sobre a mesma.

METODOLOGIA
O presente experimento utilizará conceitos básicos para deduzir os mais complexos. Esta dedução será conduzida por um processo que inicia de um conceito validado, de pergunta(s) que possam ser formulada(s) sobre tal conceito, questionamento(s) básico(s) de forma  que possua(m) resposta(s) simples e objetiva(s): sim (S) ou não (N). Em função dessas respostas serão extraídos novos conceitos válidos.
Ocasionalmente, é possível que, para algumas perguntas, os conceitos não sejam suficientes para obter apenas uma resposta válida (S ou N). Nestes caso, se existirem, será considerada uma sobreposição, um paralelismo (P), de ambas as respostas até que se obtenha pelo menos um segundo conceito válido que permita a quebra do paralelismo anteriormente identificado.
Para auxiliar a visualização da formulação a que se está chegando, será utilizado um fluxograma que sintetizará, inicialmente por partes e, posteriormente de forma geral, as deduções alcançadas, ilustrando conceito(s), pergunta(s), reposta(s) e fluxo(s) sequencial(is) que se está seguindo. Para tanto, considere as representações abaixo e o significado atribuído às mesmas.
 * As posições da entrada (ocasionalmente serão mais de uma) e das saídas podem variar segundo a melhor visualização gráfica, sendo os sentidos dos fluxos (seta) que as definirão no fluxograma. Em geral, as perguntas e conceitos serão correlacionados a símbolos com uma letra - P ou C, respectivamente - seguida por um número (expresso por dois dígitos), por exemplo: P01. Esses simbolismos serão empregados no fluxograma para não sobrecarregar a visualização.
** No penúltimo símbolo, a letra “A” significa que o fluxo conduz a um absurdo lógico. O último símbolo, o círculo, é um conector entre 2 partes de uma mesmo fluxograma.

Este ensaio possui 2 partes: uma analítica e esquemática, na qual a existência é deduzida desde um constituinte elementar até se alcançar todo o universo físico; o outro é analítico e emprega os conceitos da ciência moderna.
Premissa: é possível conhecer algo.
Observe que não admitir essa premissa implica em assumir a impossibilidade de obter todo e qualquer conhecimento (sem falar de ignorar a filosofia e a ciência).


DESENVOLVIMENTO

Exposição Analítica
Fluxograma
Após questionar a existência de tudo aquilo que usualmente se admite como existente, a percepção de um espaço vaziou e/ou da dúvida persiste.
Pergunta (P00): identifica-se algo?
Isso equivale a perguntar se algo é percebido, ou seja, é como afirmar que existe a percepção. Assim, é forçoso admitir um mecanismo primário direto pelo qual a existência é experimentável e atestada. Se for negada a existência da percepção, então se nega a capacidade de conhecer, pois não seria possível a captação de informação: isso equivale a negar algo factual que ocorre neste momento.
Conceito (C00): percepção.
O objeto da percepção sofre algumas análises: afinal foi sentenciado acima que é um espaço vazio e/ou a dúvida. A primeira é sobre a inteligibilidade do que está se percebendo. Além disso, faz-se um apanhado da quantidade e qualidade de informações que se está captando. Em função disso, juízos de valores são tomados, conceitos são associados (complementados, classificados, etc), estabelece-se compreensão de correlações, raciocínio, juízo, etc. A inteligência é a autora dessas tarefas e o segundo ente de que se acusa a existência.
Pergunta (P01): existe intelecto?
A resposta “não”, pelos motivos elencados, leva a um absurdo lógico, pois não se saberia que algo foi percebido.
Conceito (C01): intelecção.
A percepção de que a intelecção questiona a existência de tudo, agora a menos dos dois entes retro citados, valida a existência da própria pergunta.
Pergunta (P02): há o questionamento?
Se a resposta for “não”, gera-se um absurdo lógico, uma vez que a resposta nega sua origem: a própria pergunta. Ou seja, aquilo que provoca a resposta “não” tem sua própria existência negada, pois se torna uma resposta a uma questão inexistente. Logo, a única resposta possível e a afirmativa.
Conceito (C02): dúvida.


OBSERVAÇÃO 1: a percepção é o canal único que permite a exploração de algo e, com isso, possibilita negar ou admitir que um ente existe. A análise do juízo que classifica o ente como existente ou não é função do intelecto. (CONTINUA)