quarta-feira, 5 de setembro de 2012

É o livre-arbítrio uma ilusão?


É exatamente isso que apontam alguns pesquisadores da área, como pode ser verificado nesta reportagem da revista Veja e, até, alguns físicos, como Stephen Hawking e Leonard Mlodinow, que afirmam: “É difícil imaginar como o livre-arbítrio poderia operar se nosso comportamento é determinado por leis físicas.” (Em O Grande Projeto). 

Em relação à citada reportagem, destaco:
Patrick Haggard, pesquisador do Instituto de Neurociência Cognitiva e do Departamento de Psicologia da Universidade College London, na Inglaterra, cita experimentos que comprovam, segundo ele, que o sentimento de querer algo acontece após (e não antes) de uma atividade elétrica no cérebro.
‘Neurocirurgiões usaram um eletrodo para estimular um determinado local da área motora do cérebro. Como consequência, o paciente manifestou em seguida o desejo de levantar a mão’, disse Haggard em entrevista ao site de VEJA. ‘Isso evidencia que já existe atividade cerebral antes de qualquer decisão que a gente tome, seja ela motora ou sentimental.’”

Lembrando:
Não acredite em autoridade, acredite na sua razão. Confronte sempre suas ideias com a realidade antes de determinar sua validade”.
Galileu Galilei

Primeiramente, vou comentar rapidamente dois aspectos, um subjetivo e outro objetivo no campo moral (e, até, criminal). Primeiro: alguém, em sã consciência, pode negar que tem liberdade de parar esta leitura neste exato momento? Ou que pode desviar a vista até o topo da página antes de reiniciar? O que falar sobre levantar ou não o braço? Sobre isso, escrevi mais em um texto aqui no blog. No aspecto moral, se somos “maquinas de carne” movidas por reações químicas, então os presos devem ser soltos, pois, afinal, eles não tiveram qualquer opção, a não ser cometer o crime pelo qual foram condenados. Mas passemos à outro enfoque, o qual julgo mais interessante frente a reportagem apontada..

O trabalho científico, a descoberta do processo físico enunciado no trecho da reportagem que destaquei acima, é digno de aplauso. Todavia, a conclusão apontada mostra certa lacuna de conhecimento ou deliberada desonestidade intelectual (considero a primeira hipótese). Antes de explicar essa minha opinião, vou abordar o que tal verificação empírica sinaliza diante dos conceitos que desfruto.

Como é dito na reportagem da Veja aqui apontada, um trabalho desenvolvido pelo psicólogo Benjamin Libert, em 2008, evidenciou que cerca de meio segundo antes de acusarmos consciência física de uma “decisão tomada” há um pico de estímulos nervosos no cérebro. Ou seja, as pesquisa mostra que há atividade no cérebro antes de uma decisão ser tomada. Daí, alguns concluem pela não existência do livre-arbítrio. 

Essa é uma interpretação a partir de fatos (sim, não é uma comprovação) que se choca com os ensinamentos cristãos de que o homem é livre. Afinal, se o homem não fosse livre, que culpa teria pelo “pecado” ou por qual motivo seria julgado? Verdade que desconheço citação direta na Bíblia que diga que a humanidade possui o livre-arbítrio, mas há várias inferências às nossas escolhas (e consequências das mesmas). Por outro lado, a onisciência divina (e a teoria da relatividade) nos leva a constatar que tudo está escrito. Como resolver essa dicotomia?

Não temos barreiras se alguém nós diz conhecer o passado (ao menos dentro de dada abrangência). Todavia, não se dá o mesmo em relação ao futuro. A razão é obvia: os acontecimentos passados estão definidos, estão inteiramente caracterizados no espaço e no tempo. Aqui é que está a solução á dicotomia: o tempo como passado (já escrito), presente (momento atual) e futuro (a ser escrito) é uma percepção limitada da humanidade, uma espécie de ilusão (como, grosseiramente, foi um dia a visão de que o mundo era chato, plano). Isso é fato, segundo pode ser verificado pela teoria da relatividade, nas palavras de Albert Einstein: “Para nós, físicos convictos, a distinção entre o passado, o presente e o futuro é apenas uma ilusão, ainda que persistente.”

Do ponto de vista da cabala, é fácil resolver o aparente problema. Mais ainda: os resultados dos experimentos descritos são esperados. O universo físico (matéria, espaço e tempo) é criado em uma ordem, em um desdobramento, final da criação: Assiá. O homem, Adão, do qual todos somos projeções, existe já em Beriá. A criação, seu princípio, meio e fim, está completa e acabada do ponto de vista do Criador. Do ponto de vista humano, estamos vivendo a mesma, tomando consciência daquilo que, livremente, optamos por fazer enquanto não encarnados.

Assim sendo, nosso cérebro recebe a determinação da mente do Adão (o que pode ser induzido por estímulos físicos, como descrito na experiência apontada na reportagem da Veja), a qual já está “particionada” desde Ietsirá (pelo menos), e, em seguida, “sente a vontade” de fazer algo.

A “máquina de carne humana” tem um piloto livre, o qual induz as decisões e todos os atos que estimulam nossa liberdade de escolha.

2 comentários:

  1. Nusssssssssssss migo Léo...muito bom esses texto, vou ler mais uma vez para absorver e ficar depois tirando minhas conclusões...
    Parabéns pelo texto....Excelente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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    1. Agradeço a visita, o comentário e, principalmente, a amizade e a consideração!

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